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A mostrar mensagens de 2017

Há Vida para Além do Estrela?

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Um ano. Muitas ponderações. Uma tomada de decisão. Quando, em Janeiro deste ano, decidi iniciar este projecto estava longe de pensar naquilo que este se viria a tornar. Estava longe de pensar o caminho que este iria percorrer. Estava longe de pensar qual seria o seu resultado final. A ideia inicial era simples: fazer uma reportagem alargada sobre o Estrela da Amadora. Afinal de contas, o clube faria 85 anos, em 2017, caso ainda existisse. Planeava falar apenas com três ou quatro pessoas, que me pudessem contar a história do clube e testemunhar a final da taça de Portugal em 90, por exemplo.  Mesmo para realizar uma simples reportagem, era preciso ter alguma base histórica. Quando comecei a ler e a falar com algumas pessoas, senti aquele entusiasmo que nos faz sonhar. Mas sabia que tinha de ter calma e paciência até porque o tempo que dispunha não era muito... tempo para o trabalho e para fazer o trabalho.  Apesar de tudo isso, considerei que podia ser inte

A Mínima Função de Viver

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Sentada no canto da sala, ela pensava que ali se podia proteger. Proteger-se de tudo aquilo que estava à sua volta, da sua realidade, das pessoas, mas, acima de tudo, proteger-se de si própria. Ela não tinha pedido nada daquilo. Ela não tinha pedido envolver-se em nada daquilo.  Ela não tinha feito nada para que isso acontecesse... Ela não se tinha forçado a ouvir aquela voz. Simplesmente, aconteceu, sem nenhuma causa ou plano prévio. Porém, agora, ali estava ela, sentada no chão, a rezar para não ceder. Para não ceder ao impulso de lhe falar novamente. Para não ceder ao impulso que a levasse a ouvir aquela voz. Essa luta contra os seus impulsos tinha-se tornado na sua batalha diária. Ela sabia que eram mais as vezes que perdia do que ganhava... Mas ela gostava tanto de ouvir a tal voz... Aquela voz forte, descontraída e confiante. Aquela voz que a fazia acreditar que estava numa outra vida, que era possível almejar uma outra vida. Quando cedia a esses impulsos, no

Posso Dizer-te Uma Coisa?

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Posso dizer-te que gosto de ti? Posso dizer-to? Assim de forma simples e sem rodeios: gosto de ti. Gosto tanto de ti. Gosto tanto de te ver, de te admirar, de descobrir em ti novos traços. Sim, existem sempre novos traços na tua face, os quais te tornam único.  Gosto tanto de ficar a olhar para ti, a memorizar todas as tuas expressões. Gosto de ficar a olhar para ti a tentar adivinhar o que pensas, o que vês, o que sentes. Gosto tanto de quando me olhas com incerteza, como se não percebesses o que digo. Mas assim que me explico melhor, gosto tanto de ver como suavizas o teu olhar e a tua expressão. Gosto tanto de te ouvir falar, sabias? De aprender contigo, de pensar contigo. Gosto tanto quando partilhamos aquilo que pensamos... Quando tu me contas as tuas histórias, mas também quando deixas espaço para a tua imaginação. Gosto tanto de quando começas a inventar histórias, acontecimentos hipotéticos, confabulações acerca de tudo e de nada. Gosto tanto de imaginar contigo, a

A Ditadura da Monotonia do Tempo

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É tudo tão cansativo. É tudo tão cansativo e extenuante. E tudo piora quando não conseguimos, sequer, fechar os olhos... Fechar os olhos e ignorar tudo o que está à nossa volta, mas, também em nós mesmos, e deixar-mo-nos ir para o sono. Esse sono que, mesmo não sendo descansado, dá-nos a possibilidade de parar de pensar durante umas horas... Eu só queria deixar de pensar... De pensar em tudo, de pensar nada, de pensar em todos e mais alguns... Na verdade, eu queria deixar de pensar em ti. Mas, é tudo tão ofegante, tão esmagador, tão exigente, que não nos dá tempo de recuperar. O tempo não nos dá tempo para parar e deixar de pensar. O tempo apenas nos pressiona para andar mais rápido, para não olharmos para trás, para seguirmos as nossas acções como autómatos, para tomarmos decisões com base naquilo que queremos, com base no nosso ego. O tempo apenas nos pressiona para seguir, independentemente daquilo que sentimos. Independentemente, de nos sentirmos capazes, de nos sent

Prostrados Perante a Vida

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Passamos a vida a tentar. A tentar ter sucesso. A tentar atingir um objectivo. A tentar amar. A tentar ser amados. A tentar ser felizes. Passamos a maior parte da nossa existência em busca de algo que nos faça sentir plenos... Como se não fosse preciso mais nada para sorrirmos, meio estupidamente, apenas e só porque existimos e porque estamos bem. Porque estamos bem assim e não queremos estar de outra forma. Porque estamos em paz, no sítio onde deveríamos estar, junto de quem nos faz sentir completo. E se tentamos toda a vida e não conseguimos chegar aí? Chegar aí, a essa ponto de plenitude, onde a tristeza não tem lugar, onde a frustração não existe, onde a solidão é apenas um mau sonho... E se não conseguirmos aí estar? Estar nesse lugar sereno onde sentimos que nada mais temos de procurar para nos sentirmos assim, a levitar... Constantemente. E se chegamos ao fim sem nada? Sem uma experiência que nos faça sentir humanos, sem nos sentirmos amados, sem senti

Os Hulks Comentadeiros

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Há algum tempo que se fala sobre aquilo que são os “doutores da opinião do facebook”. Quem diz do facebook, diz, é claro, de todas as redes sociais. Findo este período de eleições autárquicas e estando do lado de quem dá a informação e de quem gere as redes sociais de um órgão de comunicação tenho a dizer que, de facto, estes “doutores” existem e não são nada simpáticos. Em período de eleições, sejam elas quais forem, os ânimos estão exacerbados. É natural que quem tenha uma ideia a defender o faça da maneira que pode. Como em tudo na vida, existem várias formas de agir. Uns com respeito, outros nem tanto. Parece que existem indivíduos que sofrem de ... De uma certa “clubite”... Estão a ver aquelas pessoas que são simpáticas e com quem até gostam de conversar, mas quando o assunto é futebol eles transformam-se em verdadeiros “Hulks” a defender o seu clube? É mais ou menos isso, mas aqui substitui-se o clube de futebol pelo partido ou movimento. Chega-se à altura da

O Último Encontro

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É na troca de um olhar, num simples gesto, aquele tom de voz distinto. É nessas pequenas coisas que ela repara. Hoje, ele está diferente daquilo que ela se lembra. Talvez, ele esteja cansado... Agora que pensa nisso, ela acha que nunca o viu cansado, o que justifica a sua surpresa. "Está tudo bem?", ela pergunta. Ele esfrega os olhos, para depois olhar directamente para ela. Assim, profundamente, como se daquela forma lhe visse a alma. Ela quase que se perde a olhar para aqueles olhos castanhos, com um laivo de verde. Porém, ainda vai a tempo de prestar atenção ao que ele diz. "Hoje estou cansado...". Ela sorri levemente. Não se enganou... Senta-se e falam.  Um pouco de tudo e de nada. E ela sabe que esta será a última vez que estarão juntos. Em breve, tudo terminará. Talvez seja por isso que parte de si esteja já triste, impedindo-a de aproveitar o momento na sua plenitude. Mesmo com esse sentimento que começa a toldar o seu pensamento, ela vai n

Eternamente Só

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Mais uma vez, ela mexia a cabeça. Primeiro para o lado direito, depois para o lado esquerdo. Mas a dor continuava lá... Aquela maldita dor no pescoço. " Deve ser muscular ", pensou ela. Apesar de a dor ser incomodativa, pelo menos era nova... Algo que lhe roubava um pouco da sua atenção e isso até que não era mau de todo. Agora, a dor parecia menos evidente.  E tudo voltava à sua cabeça. Muitas vezes ela perguntava-se se existiam mais pessoas como ela. Mas, logo, ela desejava que não o houvesse. Que tristeza seria se isso fosse verdade... Se exitessem mais pessoas como ela. Não. Ela desejava do fundo do coração que isso não fosse verdade. Ela desejava que fosse a única. Que tristeza seria se o mundo tivesse mais inadaptados, infelizes e frustrados como ela! Isso seria terrível, por isso era melhor nem sequer equacionar isso. Todos os dias ela sentia-se prisioneira de uma realidade que não era a dela. Todos os dias ela sentia-se prisioneira daquilo que ela

O Romper da Corda

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Nunca pensou que algo iria acontecer. Por isso, arriscou. Deu o passo em frente, tendo a certeza de que, na realidade, não iria sair do lugar.  E deu um primeiro puxão. Porém, contra todas as expectativas, do outro lado também deram o passo em frente. também ousaram e responderam de volta.  E puxaram. Ela sempre pensou que seria apenas daquela vez. Nada mais iria ocorrer, até porque não era possível nada acontecer. Ela tinha a certeza de que tudo era uma questão de simpatia. Empatia? Talvez. No entanto, novamente, a surpresa aconteceu. Da outra parte não foi dado apenas um passo em frente. Desta vez, foram dois passos em frente. E, num novo puxão, a força era ainda maior. E ela não sabia o que dizer. Mas não recuou. A curiosidade de ver até onde iria aquele absurdo fez com que ela continuasse a puxar por aquela corda. Alguns minutos passaram e ela tanto puxou pela corda... que ela rebentou.  ?! Como era possível aquilo ter rebentado? Nunca lhe havia rebentado

O Vínculo da Transparência

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É quase como um jogo de pingue-pongue. De um lado, uma pergunta. Do outro, uma resposta. E, assim, vice-versa. Por vezes, o silêncio também se instala. E quando assim é, nada parece estranho ou pouco confortável. Não. Muito pelo contrário. Ela sabe que ele a olha, ela sabe que ele está atento ao que ela está a fazer. Por isso, basta uma pequena palavra, uma constatação de um facto, para que ele a oiça. E ele responde, diz algo sobre aquele assunto. E a conversa continua animada. Mas, são os olhares, as expressões faciais, o acenar da cabeça, a forma como o seu corpo se coaduna com o lugar onde está. A sua postura corporal, descontraída e completamente à vontade. Sim. Continuam a ser os pequenos gestos que ficam na memória, que mais a fascinam.  Ela tenta chegar a um papel, ao mesmo tempo que ele. E, subitamente, as mãos tocam-se. E não há nada de desconfortável, nem de vergonha. Não. Há apenas uma leveza de espírito que se instala entre os dois... Uma leveza q

A Fuga de Treze

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Treze tinha uma vida normal: andava pelas ruas quando não tinha aulas, brincava com os seus amigos na escola, a mãe e o pai cuidavam sempre dele, fazendo com que se tornasse num miúdo carinhoso, educado e a sorrir para a vida.  Porém, as coisas mudam e a vida de Treze não foi excepção. Para um miúdo foi tudo repentino. As malas à porta, depois das contínuas discussões entre os pais, eram sinais que ele não poderia ignorar. Ele iria embora? O pai iria sair porta fora? Não. Afinal, não. Era ela. Aquela pessoa que ele sempre pensara que amara toda aquela vida conjunta abandonava o barco. A mãe saía de casa com a promessa de que iria buscá-lo para ficar com ela. Treze não percebia muito bem o que é que estava a acontecer. Ele nunca tinha visto o pai chorar. Agora, parecia que era assim todos os dias. Quando um dia de manhã, Treze bateu na porta do quarto do pai e viu-o deitado, com uma garrafa na mão, ele sabia que o pai também estava a mudar. O medo crescia dentro de Tre

Tudo o que Ela Precisava

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É com algum cansaço com que Ana fecha a porta de casa. É já noite e ela não se consegue concentrar em nenhum dos seus gestos já mecânicos, marcados pela rotina diária. Fui um dia e tanto. Diferente de tudo aquilo que ela podia imaginar. Diferente de tudo aquilo que ela sentia habitualmente. Diferente da monotonia que era a sua vida. Tinha sido tudo tão espontâneo, tão sincero e tão livre que ela só podia sorrir. Como tinha sido bom. Como tinha sido saboroso. Como tinha sido intenso. No fundo, como tudo tinha sido tão cheio de vida. Já no seu quarto, Ana senta-se na cama. Mergulhada naquilo que tinha vivido durante a sua tarde, ela começa a descalçar-se. Na sua cabeça, ela consegue vê-lo. Ele ali está com a sua vivacidade, com o seu sorriso, com o seu olhar carinhoso. Ela lembra-se perfeitamente de como se sentiu bem junto dele. De como sentiu que pertencia ali. Ali àquele espaço, a ele. De como ela se sentiu confortável com ele. Em apenas umas horas, Ana estav

O Conforto da Empatia

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É estranho sentir-mo-nos confortáveis junto de quem não conhecemos. Mas é um estranho bom, se é que isso se possa dizer. Talvez por não ser usual que isso aconteça, quando estamos nessa situação, primeiro pensamos que não é normal e até podemos ficar na defensiva. Mas, depois, assim que nos deixamos isso, essas reservas desaparecem. Simplesmente, porque nos sentimos tão à vontade, que já não estamos a pensar se isso é estranho ou não. É aí que podemos falar de empatia. E, agora, pensando bem, a empatia é engraçada. É engraçada porque... Conseguimos explicá-la? Conseguimos justificar porque temos empatia com certa pessoa e com outra não? Se me perguntarem porque é que criei empatia com alguém eu não consigo explicar. É algo que se sente e pronto. É a tal sensação de conforto que se instala. Não sei se é por pensarmos que o outro é interessante ou se é por partilharmos os mesmos interesses, por exemplo. Porém, isso não me faz grande sentido, porque, na realidade, partilho

Animais Com Diploma

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Muito se tem falado sobre o "tal vídeo" que o Correio da Manhã divulgou de uma rapariga a ser abusada num autocarro cheio de jovens que aplaudem o acontecimento. Como devem calcular, não vou conspurcar o meu blog com links do Correio da Manhã nem com vídeos deste tipo, por isso se não souberem do que falo procurem no Google. Posto isto, apraz-me tecer algumas considerações sobre este assunto. Primeiro, na minha opinião, é no mínimo desprezível aquilo que aconteceu. Desde o acto do rapaz a todo o "achincalho" dos outros estúpidos que estavam à volta.  Segundo, surpreendentemente, aquilo que gerou mais confusão nas redes socais, pelo menos daquilo que me apercebi, foi o facto de o Correio da Manhã publicar o vídeo. Correm por aí muitas opiniões sobre o facto de ser ou não legítimo por parte do órgão de comunicação social publicar tais "notícias". Vi poucas considerações acerca daquilo que está realmente a acontecer no vídeo: não de dis

A Pedra Pequenina

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Ela sente-se tão pequenina. Tão pequenina como uma formiga que anda tão rápido para se esconder... Pensando melhor. Não. Ela não se sente como uma formiguinha, até porque ela não foge. Ela não se mexe. Ela apenas fica ali, no seu canto, à espera que alguém lhe dê um pontapé que a faça rebolar para a beira da estrada. Sim. É isso. Ela sente-se como uma pedrinha. Pequenina, redondinha, daquelas que passam despercebidas.  É assim que ela se sente ao pé de todas as outras pedras imponentes. Daquelas que são impossíveis de não se fazerem notar.  Ela apenas está ali, naquele canto a admirar tudo. A admirar as pessoas que passam, os sorrisos de quem é feliz, o beijo de quem está apaixonado, o abraço apertada de quem se ama. É sempre tudo tão arrebatador que, por um momento, ela esquece-se da sua condição de ser pequenina e sonha... Imagina... Imagina, como seria se fosse ela? Se fosse ela a andar na rua a rir, se fosse ela a andar de mão dada, se fosse ela a evidenciar-se no meio dos

Hoje Portugal Está Diferente

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São raras as ocasiões em que tanta coisa acontece no mesmo dia.  Portugal hoje acordou diferente. As pessoas estão diferentes. Basta sair à rua para ver que algo mudou. Há mais sorrisos, mais, mais gargalhadas, mais brincadeiras. Há contentamento em cada canto, olhos que brilham porque, afinal, hoje acordamos com o sentimento de que somos bons e que isso é reconhecido. Para mim é especial. É muito especial porque não foi apenas um acontecimento que me deixou contente. Não. Foram os três. Sou uma mulher que hoje tem três grandes motivos para continuar a celebrar. Primeiro. O Papa Francisco esteve em Portugal, mais concretamente na celebração daquilo a que os católicos se referem como os 100 anos da aparição da Nossa Senhora, em Fátima. Porém, para mim, aquilo que me deixou o coração a brotar de orgulho foi a forma sincera, honesta e desinibida (à imagem daquilo a que ele já nos habituou) com que o Papa Francisco se dirigiu a todos. Nas suas palavras, Maria não pode ser vis