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Transcendente - Acordei-te V

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- Porque é que me estás a olhar assim? Pergunta-me ele com o seu melhor ar de desajeitado. Meio ruborizado e com aquele sorriso nervoso que ele tenta sempre disfarçar. Meu Deus. Eu amo-o. Eu amo este homem de uma forma inigualável, única e distinta. É um sentimento maior do que eu e, talvez seja por isso, que não consigo dizer-lho. Dizer-lhe... Ainda não consigo dizer-lhe que o amo. Não sei se algum dia vou ser capaz... Com o medo de que assim que essas palavras, Eu amo-te, saiam da minha boca também este sentimento se desvaneça e tudo acabe. - Ei... O que foi? Agora ele está a rir-se, sentido-se já pouco confortável por eu não lhe responder e apenas o admirar. Sim. Como eu gosto de admirá-lo. Admirar todas as pequenas marcas que tem no pescoço, o pequeno sinal atrás da orelha, as leves rugas que se formam perto dos seus olhos, ou a sua barba indisciplinada. Penso que... Não, tenho a certeza! Tenho a certeza de que foi numa dessas vezes em que o admirei que percebi como o amava. - Nada...

Acordei-te IV - Brincos

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 - Aquele momento confirmava. O melhor da vida é o que não há de vir. Ele fecha o livro, coloca-o em cima da mesinha e leva o cigarro à boca. Encosto a minha face no tecido verde do sofá, encolho as minhas pernas. Tenho o lençol enrolado no meu corpo, o que me dá alguma sensação de proteção. Isso... Ou estar aqui com ele. Às vezes prefiro não atribuir a este homem todos os meus momentos de paz e engano-me a mim própria. - O melhor que temos será sempre o que já foi? Ou o que está a ser? Nada digo e apenas o admiro. O seu corpo nu, tornou-se presença habitual junto de mim. Só quando ele assim ficou comigo pela primeira vez, percebi o que era sentir-me livre. Com os meus olhos percorro a sua face, deixando-os, por alguns segundos na sua orelha. Aquele pequeno brinco na sua orelha dá-lhe sempre aquele ar distinto, de quem é grande mas que continua a brincar. - O que achas? - Ele insiste antes de olhar para mim. - Hum... Não sei... No meu caso, nunca nada me foi melhor do que isto aqui...

Acordei-te III - T-Shirt Preta

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- De que te lembras de quando nos conhecemos? Esboço um leve sorriso. Sempre que tenho a minha face encostada ao seu peito, sinto que estou na minha casa. - Que pergunta é essa? - A sonolência que toma conta do meu corpo, faz com que a minha voz saia num tom muito mais baixo. - Sim... - o riso que ele solta percorre todo o meu cérebro - É uma pergunta como outra qualquer - ele completa antes de levar o cigarro à boca. Ajeito a minha cabeça, levando o meu ouvido ao seu peito. Não há nada que me dê mais harmonia do que ouvir a cadência do seu coração. - Hum... Da tua t-shirt preta. - Porquê? Vejo como ele volta a colocar o cigarro no cinzeiro. - Não sei... Estavas tão...Tão simples. Não sei. Não sei porque me lembro disto, sei que é um pormenor, mas ambos sabemos que a memória é selectiva. - Não tenho só aquela t-shirt preta... Tenho mais algumas. Afinal, não te lembras de nada que eu tenha de único.  Mexo-me um pouco, de modo a que possa levantar a minha cabeça e olhar para a sua f...

Acordei-te? II - Não Esgotámos o Nosso Tempo

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Assim que acabo de lhe contar o que tinha guardado há tanto tempo vejo como o seu semblante muda. Tal como já tinha acontecido antes, num outro tempo, num outro espaço, com um outro alguém. Sentada de frente para ele, sinto que não me consigo mexer. Talvez por querer prolongar por mais um segundo aquela sua imagem. Aqueles seus olhos de que tanto gosto. As suas rugas que pintam a sua pele ao de leve, os seus lábios dos quais ouvi tantas vezes algumas das mais belas histórias, as suas mãos que pegaram em tantos livros, alguns dos mais bonitos que já tinha lido. -- O que é que ela acabou de me dizer?  É como se tivesse deixado de atribuir significado às palavras que da sua boca sairam. Não pode ser verdade. Qual a necessidade de partilhar uma coisa destas comigo? Mas... Ela espera que eu diga alguma coisa. Concerteza, que ela espera que eu diga alguma coisa. Mas o que poderei eu dizer? O seu ar é de dor. Sim, é de dor. Isso eu consigo identificar facilmente. O seu cenho ...