O Conforto da Empatia

É estranho sentir-mo-nos confortáveis junto de quem não conhecemos. Mas é um estranho bom, se é que isso se possa dizer.

Talvez por não ser usual que isso aconteça, quando estamos nessa situação, primeiro pensamos que não é normal e até podemos ficar na defensiva. Mas, depois, assim que nos deixamos isso, essas reservas desaparecem. Simplesmente, porque nos sentimos tão à vontade, que já não estamos a pensar se isso é estranho ou não.

É aí que podemos falar de empatia. E, agora, pensando bem, a empatia é engraçada. É engraçada porque... Conseguimos explicá-la? Conseguimos justificar porque temos empatia com certa pessoa e com outra não? Se me perguntarem porque é que criei empatia com alguém eu não consigo explicar. É algo que se sente e pronto. É a tal sensação de conforto que se instala. Não sei se é por pensarmos que o outro é interessante ou se é por partilharmos os mesmos interesses, por exemplo. Porém, isso não me faz grande sentido, porque, na realidade, partilho os mesmos interesses com algumas pessoas e não é por isso que sinto qualquer empatia com elas.

A empatia é inesperada, ingénua e intensa. É ela que nos faz querer saber mais sobre alguém. É ela que nos faz querer estar com alguém. É algo de diferente que nos impele a estar com o outro. É a curiosidade que se instala em nós, fazendo-nos sentir que podemos passar dias inteiros a conversar com alguém. Só porque nos sentimos bem.

No meio de tanta coisa que acontece no nosso quotidiano. No meio de tanta hipocrisia, no meio de tanto mal, no meio de tanto aproveitamento, se encontramos alguém pela qual sentimos essa empatia, não conseguimos deixar de pensar nisso. Podemos até confundir a empatia com outras sensações/sentimentos, mas apenas temos a certeza de uma coisa: queremos voltar a estar junto dessa pessoa. Nem que seja só por mais uma vez... Não. O melhor é que seja por muitas mais vezes.

Se temos a sorte de estar junto de alguém que nos causa tanto conforto e se temos oportunidade de permanecer perto, isso é óptimo.
Mas, por outro lado, se sabemos que já não voltamos a estar junto de alguém que nos oferece essa sensação de paz e plenitude, isso deixa-nos ansiosos. 

Isso deixa-me ansiosa. Ansiosa por saber como vou ficar sem essa pessoa pela qual tive tão grande empatia. Depois da ansiedade, vem a tristeza. Depois da tristeza vem o vazio. Depois do vazio, ficamos um pouco mais fechados sobre nós próprios, mas sem nunca conseguir perder a esperança de que possamos encontrar alguém, assim sem estar à espera, com quem podemos criar essa tal empatia.

Afinal, talvez esta sensação de conforto com alguém que acabamos de conhecer não seja, assim, tão estranha... É boa. É mesmo muito boa. Pena que seja tão difícil de encontrar.  

Nota: Este é um texto escrito baseado numa história verídica.

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