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Prostrados Perante a Vida

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Passamos a vida a tentar. A tentar ter sucesso. A tentar atingir um objectivo. A tentar amar. A tentar ser amados. A tentar ser felizes. Passamos a maior parte da nossa existência em busca de algo que nos faça sentir plenos... Como se não fosse preciso mais nada para sorrirmos, meio estupidamente, apenas e só porque existimos e porque estamos bem. Porque estamos bem assim e não queremos estar de outra forma. Porque estamos em paz, no sítio onde deveríamos estar, junto de quem nos faz sentir completo. E se tentamos toda a vida e não conseguimos chegar aí? Chegar aí, a essa ponto de plenitude, onde a tristeza não tem lugar, onde a frustração não existe, onde a solidão é apenas um mau sonho... E se não conseguirmos aí estar? Estar nesse lugar sereno onde sentimos que nada mais temos de procurar para nos sentirmos assim, a levitar... Constantemente. E se chegamos ao fim sem nada? Sem uma experiência que nos faça sentir humanos, sem nos sentirmos amados, sem senti...

Eternamente Só

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Mais uma vez, ela mexia a cabeça. Primeiro para o lado direito, depois para o lado esquerdo. Mas a dor continuava lá... Aquela maldita dor no pescoço. " Deve ser muscular ", pensou ela. Apesar de a dor ser incomodativa, pelo menos era nova... Algo que lhe roubava um pouco da sua atenção e isso até que não era mau de todo. Agora, a dor parecia menos evidente.  E tudo voltava à sua cabeça. Muitas vezes ela perguntava-se se existiam mais pessoas como ela. Mas, logo, ela desejava que não o houvesse. Que tristeza seria se isso fosse verdade... Se exitessem mais pessoas como ela. Não. Ela desejava do fundo do coração que isso não fosse verdade. Ela desejava que fosse a única. Que tristeza seria se o mundo tivesse mais inadaptados, infelizes e frustrados como ela! Isso seria terrível, por isso era melhor nem sequer equacionar isso. Todos os dias ela sentia-se prisioneira de uma realidade que não era a dela. Todos os dias ela sentia-se prisioneira daquilo que ela ...

Tudo o que Ela Precisava

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É com algum cansaço com que Ana fecha a porta de casa. É já noite e ela não se consegue concentrar em nenhum dos seus gestos já mecânicos, marcados pela rotina diária. Fui um dia e tanto. Diferente de tudo aquilo que ela podia imaginar. Diferente de tudo aquilo que ela sentia habitualmente. Diferente da monotonia que era a sua vida. Tinha sido tudo tão espontâneo, tão sincero e tão livre que ela só podia sorrir. Como tinha sido bom. Como tinha sido saboroso. Como tinha sido intenso. No fundo, como tudo tinha sido tão cheio de vida. Já no seu quarto, Ana senta-se na cama. Mergulhada naquilo que tinha vivido durante a sua tarde, ela começa a descalçar-se. Na sua cabeça, ela consegue vê-lo. Ele ali está com a sua vivacidade, com o seu sorriso, com o seu olhar carinhoso. Ela lembra-se perfeitamente de como se sentiu bem junto dele. De como sentiu que pertencia ali. Ali àquele espaço, a ele. De como ela se sentiu confortável com ele. Em apenas umas horas, Ana estav...

A Perda do Sentir

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Um dia olhamos para trás e vemos o que nos levou aonde estamos agora. Ficamos tristes ou felizes, dependendo daquilo que temos. Daquilo que conseguimos, ou não, alcançar. É nessa reflexão que ganhamos consciência do que somos. E podemos ou não gostar disso.  Essa consciência pode-nos dizer para mudar.  Ou não. Quando tomamos a decisão consciente de não mudar arcamos com as consequências. Pode  parecer contraditório... Se não gostamos daquilo que somos e somos uns frustrados porque raio de razão não fazemos um esforço para mudar? Fazendo esse repto a nós mesmos as coisas podem correr bem e saímos do abismo onde estamos. Ou não. E se já tivéssemos feito esse esforço e nada aconteceu?  Então é porque a vida levou-nos, inevitavelmente, a onde estamos.  Com esforço ou sem esforço.  A gostar ou não.  É assim. E isso existe. Não apenas a ideia de que somos capazes de mudar tudo aquilo que quisermos. Isso é mentira. Existem mudanças que não acontecem.  E ...

A Prisão do Ponto Sem Retorno

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Quando chegamos a um ponto sem retorno é o mesmo que nos sentirmos presos. A nossa liberdade termina quando deixamos de ter a oportunidade de voltar atrás. Voltar ao ponto de viragem... De viragem porque tem subjacente duas escolhas: a de seguir em frente ou a de recuar. Se ficamos sem essa possiblidade, a de recuar, então só podemos andar para o que está a seguir.  E, às vezes, nem sempre o que vem a seguir é aquilo que queremos. Por isso mesmo estamos presos.  Como reagir perante essa realidade? É impossível que o consigamos fazer sem ressentimento, sem  frustração, sem irritação, sem tristeza. Porque nunca ficamos imunes a esses sentimentos se vamos fazer algo que nunca quisémos. Como se continua a viver se tudo aquilo que se perspectiva nos faz querer parar e recuar? É tal e qual como quando paramos num sinal STOP. Sem dúvida de que se estamos perante este sinal temos de parar. Para depois seguir em frente. Não podemos recuar, apenas seguir em frente. E se não quiserm...

A Expectativa de Viver à Espera de Nada

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A ideia de que estamos continuamente a viver aquilo que nunca sonhamos não deixa de ser angustiante. Até mesmo se já nos habituámos a isso. Viver aquilo que nunca pensámos ser possível... Porém, de uma forma menos positiva. Sonhamos que vamos ser capazes  de ser diferentes do que aquilo que se espera que sejamos...  Mas, de uma maneira ou de outra, acabamos por cair sempre para aquilo que estava à nossa espera. E isso não deixa de ser, também angustiante. No entanto, acredito que aquilo que ainda contribui mais para essa angústia é saber que cada sonho que tivermos não se vai concretizar. Porque, sempre foi assim. Aí decidimos viver sem expectativas. Mas como se pode fazer isso? Viver sem esperar que algo aconteça? Existem uns que esperam eternamente o amor, outros que esperam ficar melhores na vida, outros que esperam ser ricos. Depois existem aqueles que esperam algo mais simples, mas que não deixa de ser fundamental: o convívio com os amigos, ver uma partida de futebol, esp...

O Regresso a Casa

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"Pi! Pi! Pi! Pi!" O despertador tocava, mas não acordava Marta, que estava já de olho aberto há algum tempo. Estava frio e a vontade em se erguer da cama era nula. Deixou-se ficar. Mas, por mais que quisesse, não conseguia descansar com a ideia contínua de que os cinco minutos a mais que ia ficar deitada estavam a passar demasiado depressa e que, mais cedo ou mais tarde, tinha de se levantar.  Descobriu-se e pôs-se a pé. Estava completamente a dormir e deixou-se guiar pelas suas próprias rotinas, que o seu cérebro tinha já memorizado. Arranjou-se e foi trabalhar. No caminho para o escritório as boas memórias que tinha assaltaram a sua cabeça, como tantas outras vezes acontecia. Sorriu. Sabia ao menos que tinha sido feliz no seu passado. E, o mais engraçado, é que enquanto viveu esses momentos ela, por alguma razão que desconhecia, tinha a consciência de que esses seriam os melhores momentos da sua vida. Tentou ser positiva, pensado que, ao menos, tinha tido anos em qu...

O Sonho de Maria

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Mais um dia que terminava. Maria estava cansada como acontecia habitualmente num dia de trabalho. A desmotivação e a frustração eram cada vez maiores e não tinha mais ninguém que culpar senão a ela própria, pelas opções que tinha tomado ao longo da sua vida, factores que tinham determinado, também, a sua solidão. Mesmo estando esgotada, ela não queria por os pés em casa. Aí sabia que não ia descansar completamente. Não só pelo facto de ter pessoas em casa, mas também porque não conseguia ultrapassar os problemas que por ela tinham sido criados ao longo dos anos, sem contar com aquilo ao qual a tinham submetido. Motivos mais do que suficientes para se ter tornado naquela pessoa.  Ela precisava de descansar, verdadeiramente. No entanto, Maria sabia que o tempo de repouso mental já não voltava mais e que tinha de ter forças para suportar um dia de cada vez, sem pensar muito no futuro, porque, por mais que ela projectasse metas, esses objectivos nunca eram cumpridos, seja por falta...