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A mostrar mensagens de março, 2010

Um Relâmpago?! Ou Alegria?! Alegria!!!

Assim como as más notícias, que nos deitam por terra e nos fazem querer desaparecer, as boas notícias surgem num ímpeto inesperado: paramos, sorrimos e gritamos. E, só depois, pensamos - tive mais do que aquilo que alguma vez pedi. A noite já caiu por completo. Os transportes ainda estão cheios. Mal me consigo mexer no meio de tantas pessoas. Se pensamos que o comboio não pode estar mais cheio do que já está, desenganemo-nosr: cabe sempre mais um. Uns vêm do trabalho, outros das férias, outros da escola... Tantas vidas que se encontram durante poucos minutos sem intereferirem umas nas outras. Tenho pressa de chegar à consulta. "Logo hoje o comboio tinha de se atrasar!", penso (agora ao me relembrar disso sorrio. É uma preocupação mínima que agora não tem qualquer importância). Mas de segudia há outros pensamentos que me consomem: o que tenho de fazer quando chegar a casa, ler, pesquisar, arrumar, comer, fazer contactos.... E, é claro, como sempre, há uma pergunta que preval

A Simples Brisa Que Destrói o Castelo de Cartas

O dia estava bonito. Já fazia algum tempo em que o sol não aparecia. Com tanta chuva era difícil trabalhar no campo. Mas hoje não. Este era o dia ideal e afinal de contas o trabalho é para se fazer... Não se pode estar muito tempo à espera. Teresa saiu de casa e foi tratar das batatas: enchada na mão, costas dobradas, força nos braços. Há muito que já se tinha habituado, mas custava sempre voltar, principalmente quando não é esta a ambição de uma vida. Principalmente quando se sente presa numa vida que não escolheu. Sabia que o seu lugar não era ali, mas sim numa outra profissão. Longe do dia-a-dia monótono e das pessoas que via todos os dias, na pequena aldeia. Distraída com os pensamentos e com os movimentos mecânicos do trabalho, desde cedo aprendido, uma dor súbita atacou-lhe o peito. Uma dor forte que a fez largar tudo o que tinha na mão. Raramente as pessoas prestam atenção, e não as podemos julgar por o fazerem, ao cabelo. Até é engraçado rapar o cabelo, fazer penteados fora do

Uma Saudade Nostálgica

Sempre me perguntei qual a diferença entre nostalgia e saudades... Será que são a mesma coisa? Nostalgia, para mim, é a lembrança dos tempos vividos, tendo sempre consciência de que eles não voltam atrás. É, digamos, uma viagem ao passado. Uma viagem que ansiamos fazer, mas como sempre nos disseram: não se pode voltar atrás no tempo e reviver os momentos que mais nos fizeram felizes. E as saudades? As saudades é sentir a falta de algo ou, mais frequentemente, de alguém. Sentir a falta de quem não está presente, de situações vividas ou de um hábito. Sentir um vazio provocado por essa ausência... um vazio que nunca é preenchido, por mais que tentemos encobri-lo. Mas no fundo é isso: uma cobertura, que não preenche, que apenas esconde esse espaço deixado em vão. A saudade que sinto mistura-se com a nostalgia: sinto falta das pessoas e recordo os momentos passados em conjunto. Não posso voltar a revivê-los, mas o não estar com as pessoas, faz-me sentir um vazio. Um vazio que não cons

Os Contos de Fadas não existem

A princesa vivia num castelo, onde tinha tudo e mais alguma coisa. Era amada pelos pais, que a protegiam. Certo dia, num passeio, encontra um bonito e charmoso principe, que logo fica encantado por ela. Conhecem-se, mas a princesa precisa de ir embora. Despedem-se, mas o principe fica sem saber como ela se chama e qual o seu castelo. É aí que ele reúne todos os seus esforços para a encontrar. E, depois de algumas peripécias, consegue encontrá-la. E é claro, agora não a deixa escapar e acabam por se casar. As histórias que se contam às crianças (e note-se que não são todas que têm o previlégio de ouvirem histórias destas) são falsas. Não acontecem na realidade. Admito que haja um caso num bilião, que possa acontecer. Mas é verdade: os contos de fadas não existem. É bom que as crianças, mas somente as crianças, continuem a acreditar nelas para que não tenham contacto com a selva deste mundo. Mas, nem todas elas podem acreditar nesses contos. Há pessoas que, mesmo quando tinham idade pa

Encontros...

Normalmente a pressa das pessoas está sempre relacionada com o trabalho. Quantos de nós é que de manhã não levou já encontrões no comboio ou no autocarro? Andamos de um lado para o outro, com agendas infernais que nos obrigam a dividir o nosso tempo, sempre com as horas de chegada e com as horas de partida impostas. Tal e qual como se fosse o tempo de uma viagem. Porém, há uma coisa que me chama a atenção: muitos de nós não faz isso para estar com os amigos... Penso isto ao mesmo tempo em que me arrisco a dizer que possa haver quem contabilize o tempo para estar com os outros... Mas qual será o gozo disso? A partilha que temos com os outros é talvez o nosso maior tesouro. Quando pensamos que apenas estamos a dar estamos, também e definitivamente, a receber. Talvez até recebamos mais do que aquilo que damos. É engraçado como ficamos sempre com esta sensação... Encontrar um sítio para conversar é sempre a primeira coisa a fazer. As mesas que ficam ao fundo do café, meio isoladas, é onde

Roubar e Matar não são crimes?

Estavamos no ano de 1944 quando Becher chegou à Hungria. Aqui o seu principal objectivo não foi matar, mas sim extorquir tudo quanto pôde aos judeus húngaros. Mesmo não querendo acreditar no que já tinha ouvido várias pessoas dizerem, hoje tive uma prova de que os Julgamentos de Nuremberga (onde foram julgados os cabecilhas Nazis, executantes do Holocausto) podem ter sido uma fachada, deixando de fora muitos culpados. Atenção! Não quero com isto dizer que tenham sido todos, mas hoje tive conhecimento de um caso que, sinceramente e sem medo daquilo que vou escrever, me meteu nojo. Na Grande Reportagem,  A Lista de Chorin , que passou na RTP1, em 2008, conhece-se a história de vida de uma família judia que vivia na Hungria. Mas esta família era diferente da maioria: era uma das mais ricas do país. Em 1944, Chrorin, o patriarca da família, foi preso pelas SS, aquando da invasão do país húngaro. A família estava em perigo. Mas houve um general que aproveitou bem o facto de ter na sua po

Vivência dos Tempos

Quantas coisas vivemos no dia-a-dia e quantas delas aproveitamos realmente? De um lado para o outro, da escola para o trabalho, do trabalho para a escola, de casa para o trabalho, ver os amigos, jantar com a família e volta o trabalho.... As pessoas correm de um lado para o outro, atropelam-se para chegar onde querem. Ninguém pode parar. "Basta atrasar um minuto e já não apanho o comboio! Épa! Vou chegar tarde à escola", penso eu, meio de toda esta barafunda! Quantas coisas nos acontecem durante o dia? Pergunto-me se em toda esta confusão se consigo viver, na realidade, o meu dia? O tempo corre e por mais que queiramos aproveitar o que estamos a viver, isso não basta. Tenho a sensação de que o tempo não é meu amigo. Já se dizia que quando as coisas são boas o tempo passa mais depressa. Nunca a sabedoria popular me pareceu tão certa. O quanto desejava que nos bons momentos que vou tendo, o tempo parasse. Gostava de possuir um mecanismo, onde bastava carregar, e o tempo pa