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Vazios, mas Úteis

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É meio estranho quando não se tem nada. Quando se dá conta dessa verdade, há uma revolta que se apodera de nós. Ficamos revoltados, não percebemos porque é que isso nos acontece. Porque temos de ser nós a não ter nada? Chegamos até a ser egoístas, perguntando-nos porque não poderá ser outro a não ter nada? Porque tínhamos de ser nós a vivermos vazios de significado? A revolta é um processo, um estado de alma, que faz parte do ser humano. Faz parte de nós Homens, zangar-mo-nos connosco próprios, principalmente quando não conseguimos aceitar o que nos está a acontecer. O problema é que a revolta leva-nos, quase sempre, a tomar decisões estúpidas. Ou então ficamos parados à espera de que ela passe. É desesperante viver sem nada, principalmente se tivermos a tendência de pensar no futuro. O que serei eu no futuro sem nada? O que vou fazer só? Não tenho nada que ambicionar, não tenho ninguém a quem cuidar, não tenho ninguém que me ampare. Sim. Todos precisamos de amparo. Somos um...

Capas Feitas de Fardos

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Ela já não sabia quantas capas tinha sobre si. Usava tantas, com tantas pessoas e em tantas situações. Sempre. Ela estava sempre com essas capas sobre os seus ombros. E agora sentia-se demasiado pesada. Não é que se sentisse alguma vez completamente livre do peso dessas capas, mas, até há bem pouco tempo, tudo era mais suportável. No entanto, com o passar dos anos as coisas ficaram diferentes. O fardo tornou-se cada vez maior e, pela primeira vez na sua vida, ela não sabia como lidar com isso. Apenas tinha uma certeza: tinha de aguentar. Desistir não era opção. Ela era demasiado fraca para mudar, para mandar tudo às urtigas e começar tudo de novo.  Para começar tudo de novo, ela própria também tinha de nascer de novo e aí sim fazer tudo de forma diferente porque, com toda a certeza, o que teria à sua volta seria distinto do que aquilo que tem hoje. Talvez fosse por isso que ela gostasse tanto de imaginar que tinha tido outras vidas. Não tantas como dizem que um gato tem, mas p...

Nesta Páscoa "Have a Talk With God" ou.... Nem por isso. Mas Faz Alguma Coisa!

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A palavra "Páscoa" significa "passagem". Para aqueles que acreditam este é o dia em que Cristo ressuscitou, passou da morte à vida. Para aqueles que pensam que acreditam esta é a única ocasião do ano em que fazem questão em ir a uma missa ou em estar com os familiares, pois é mais uma oportunidade para comer e beber à grande e passar uns diazitos de férias e ir até ao Algarve. Para a maioria daqueles que não acreditam este é um dia igual aos outros. Para mim, que sou daquelas que acredita, esta é sobretudo uma época de reflexão. Pensar naquilo que somos, naquilo que andamos aqui a fazer, na nossa forma de encarar a vida, as suas coisas boas, mas também as suas coisas más. São, de facto, muitas coisas para reflectir, mas é necessário. Não escondo que é preciso ser forte para que essas reflexões não nos deixem mais tristes, a querer esconder-mo-nos em nossa casa, enfiar-mo-nos debaixo dos cobertores e ficar assim, sem falar com ninguém, nem fazer nada. É duro po...

Ser Invisível ou não, eis a Questão

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Há uns tempos atrás tive uma conversa que nunca mais esqueci. Falávamos sobre aquele tipo de pessoas que parecem ser invisíveis. Aqueles homens e mulheres que estão sempre presentes e passam sempre despercebidos. "Ser assim deve ser extraordinário!", pensei na altura. Com um sorriso na face e a acreditar absolutamente naquilo cheguei até a dizer em voz alta que isso podia ser bom. Surpreendentemente, a pessoa com quem falava ficou muito séria a olhar para mim e, depois, simplesmente disse: "olha que às vezes não é nada bom". Terminámos a conversa por ali, mas aquela última frase sempre ficou na minha cabeça. Hoje, sem encontrar uma justificação minimamente coerente, as palavras dessa pessoa ecoaram na minha cabeça.  Primeiro, importa pensar nas pessoas que têm essa característica. Ou seja, as que são invisíveis. Não são pessoas meramente tímidas. Alguém pode ser tímido, mas isso não significa que não sejam visíveis. Essas são diferentes. Podem comparar-se àqu...

A Vida Num Flash

Aos 60 anos de idade a senhora Maria sentia que agora era tempo de descansar o corpo e a mente. Vivia sozinha, desde sempre. E, também, desde muito cedo que percebeu aquilo que estava guardado para si.  Desde pequena que sonhava com aquilo que todas as meninas sonham: um príncipe encantado, um castelo e felicidade. Na adolescência deixou de acreditar em castelos, mas continuava a querer um príncipe encantado, e, agora, também sonhava com um bom emprego, pelo menos um no qual gostasse de estar e onde pudesse ser uma boa profissional. Em jovem adulta começou a perceber que nunca teria a sorte de ter ao seu lado um príncipe encantado, mas apostou tudo naquilo que ia fazer no futuro. Jurava a si mesma que nunca iria desistir e que iria ser cada vez melhor. Na fase adulta, aceitou que iria ficar sozinha e que não era uma boa profissional, por mais que tentasse. O que tinha escolhido não era para ela e apenas lhe restava viver com isso. E foi precisamente nesta fase, onde se viu sem...