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A mostrar mensagens de junho, 2015

Capas Feitas de Fardos

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Ela já não sabia quantas capas tinha sobre si. Usava tantas, com tantas pessoas e em tantas situações. Sempre. Ela estava sempre com essas capas sobre os seus ombros. E agora sentia-se demasiado pesada. Não é que se sentisse alguma vez completamente livre do peso dessas capas, mas, até há bem pouco tempo, tudo era mais suportável. No entanto, com o passar dos anos as coisas ficaram diferentes. O fardo tornou-se cada vez maior e, pela primeira vez na sua vida, ela não sabia como lidar com isso. Apenas tinha uma certeza: tinha de aguentar. Desistir não era opção. Ela era demasiado fraca para mudar, para mandar tudo às urtigas e começar tudo de novo.  Para começar tudo de novo, ela própria também tinha de nascer de novo e aí sim fazer tudo de forma diferente porque, com toda a certeza, o que teria à sua volta seria distinto do que aquilo que tem hoje. Talvez fosse por isso que ela gostasse tanto de imaginar que tinha tido outras vidas. Não tantas como dizem que um gato tem, mas pelo

O Fatalismo das Decisões

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A vida é feita de decisões. Passamos o tempo a fazer escolhas: em virar à esquerda ou à direita; se vamos em frente ou recuamos; se falamos ou calamos as palavras; se entramos em qualquer lado ou ficamos cá fora... Um sem fim de decisões grandes ou pequenas que temos de tomar todos os dias. É cansativo. Pode não parecer, mas, por vezes, chega a ser maçador. Posso dizer com toda a certeza de que estou cansada de tomar essas decisões. Mais do que isso. Estou cansada de pensar. Sim, porque para decidir por alguma coisa devemos pensar. Eu, pelo menos, farto-me de pensar antes de escolher a minha próxima acção.  Em diferentes ocasiões já ouvi as famosas frases: "pensar em demasia dá mau resultado"ou "devemos fazer aquilo que nos vem à cabeça". Confesso que me custa admitir isto, mas começo a acreditar que não há pensamentos mais correctos do que estes. Pensamentos ou formas de estar na vida, como lhe quiserem chamar.  Quantos de nós não temos aquele amigo que

O Julgamento de Nós Mesmos

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Passamos a vida a julgar aquilo que vemos, aquilo que conhecemos, aquilo que desconhecemos, o que ouvimos, o que não ouvimos, o que amamos, o que odiamos, os defeitos, os feitios, os outros... A tentação de avaliar aquilo com que nos deparamos parece ser intrínseca ao ser humano. Não estamos bem se não comentarmos algo, seja importante ao não. Estamos constantemente a emitir juízos de valor.  Se pensarmos em palavras como "julgar", "avaliar", "juízos de valor", aquilo que nos vem à cabeça é sempre negativo. Porém, eu também gosto de pensar nestas palavras como algo de positivo. Até porque, acredito que seria muito proveitoso se nos julgássemos a nós próprios da mesma maneira que julgamos o outro. Avaliar quem somos, as nossas atitudes, aquilo que fazemos no nosso dia, deveria, também, fazer parte do ser humano. No entanto, é com alguma tristeza que vejo como por vezes usamos a nossa racionalidade da pior forma possível. Somos capazes de aponta