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A mostrar mensagens de março, 2020

O Amor que Nunca Dançámos

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Assim que dou os primeiros passos é como se entrasse num mundo diferente, sem barreiras ou sofrimento. Como se fosse completamente livre. Há muito que deixei de querer controlar aquilo em que penso quando começo a dançar. Não me importa. É como se nesses momentos fosse realmente eu. E quando somos realmente nós, podemos pensar naquilo que quisermos. E isso é libertador. Penso em ti. Sempre. Nunca dançámos os dois, os sentimentos não nos permitiram esse tempo. Mas, quando agora danço e fecho os olhos é a ti que vejo, sentado naquele muro, ainda em cimento, a olhar para mim como sempre o fazias. E que maravilhoso que era. Agora consigo dar-me conta de como era maravilhoso, talvez na altura não lhe tenha dado a devida importância. Mas, agora... Agora que não te tenho é como se te conseguisse ver ainda melhor. Fará sentido aquilo que digo? Será possível conseguirmos ver alguém, na sua maior plenitude, apenas e só na nossa mente? Creio que sim. Tu mostras-me que sim. Mesmo

O Vírus do Futuro Incerto

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Primeiro dia em casa por obrigação e dever. Quem me conhece sabe que não sou uma pessoa de lamurias, de stress evidente, sempre com aquela missão, que faz parte do meu carácter: manter a calma.  No início de tudo isto do coronavírus fui como a maioria das pessoas: "isso não chega cá. Se chegar cá há-de ser uma coisa tipo gripe A" . Pensei que tinha mais do que tempo disponível para continuar a fazer a minha vida do costume. A minha rotina. E como eu estava a precisar de rotinas, de ocupar a cabeça. Uma viagem marcada, trabalhos agendados, saídas combinadas. Em poucos dias tudo mudou. Tudo ficou incerto. Tudo o que tinha como adquirido para os próximos meses foi, simplesmente, cancelado. As pessoas começaram a ficar em casa, as ruas vazias, os cafés quase sem clientes, o trânsito com muito menos tráfego.  "Lena, não andes de transportes públicos. Leva o carro da empresa" - disseram-me vezes sem conta e, realmente, pareceu-me uma boa medida preventiva. S

Espero por Ti, Meu Amor

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Espero por ti, meu amor Enquanto te admiro, estando tu sentado no parapeito da janela a escrever mais uma das tuas canções. Estando tu a combinar as palavras para que consigas expressar aquilo que julgas que é o mais importante neste momento. Aquilo que tu sentes. Sim. Espero por ti, meu amor Enquanto tentas colocar por palavras, umas a seguir as outras, sem rimar, tudo aquilo que sentes. Esse turbilhão de emoções que trazes no teu semblante. Esse peso que parece carregar... O peso do mundo que pareces carregar nos teus ombros. No entanto, nem esse peso é suficiente para te impedir de bateres com os teus dedos na madeira, enquanto a lua cheia te dá à luz necessária para que tu possas ver o que escreves. Espero por ti, meu amor Enquanto fechas os olhos e trauteias mais um poema que para ti será o teu último tesouro. É sempre assim. O teu último poema é sempre o teu último tesouro. E é o mais importante. Não que todos os outros não o sejam. Cada um deles é como um f

Parar a Tempo

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- Lá estás tu... Ele diz no meio de um sorriso. Retorno o meu olhar para o dele e sorrio também. - Sabes que acho extraordinário. - Eu sei... Nunca percebi porquê... Encolho os ombros. Haverá algo mais bonito do que ver a aliança num dedo de um homem? - Nem eu... Mas gosto tanto de a ver no teu dedo. Como está ela? - Está bem - Ele olha para o relógio - a esta hora deve ainda estar a caminho de casa. - Parece-me extraordinário como um objeto muda tudo ou significa tanto. E fica tão bem a um homem. Fica-te tão bem... - Não digas poesia. Ainda é cedo para isso. Solto uma gargalhada e bebo um pouco da cerveja que a garrafa ainda guarda. - Eu não digo poesia. Nem sequer escrevo poesia... - Mas podias. - Agora és tu. - Agora sou eu o quê? - Que estás a dizer poesia. Desde quando é que eu poderia escrever poesia? Eu nem sequer consigo escrever rimas! Ele maneia a cabeça e esboça aquele pequeno sorriso, que eu vou sempre considerar como a expressão que m