Parar a Tempo II - Brincar com as Palavras
- Nunca soubeste lidar com essa carência afetiva... - Tu também não. - Pois não. - Mas a tua carência afetiva implica contigo e com os outros. - E tu sofres tudo sozinha. Sorrio. Ele tem sempre a mania de que me conhece. - Sim, sofro tudo sozinha. Nunca quis causar problemas a ninguém. Se há coisa que eu nunca quis foi ser um problema fosse para quem fosse. - Por isso é que te escondes na tua sombra. - Claro. Sempre andando despercebida e com cuidado para que continue a ser... a ser quase invisível. Amparando o que me vai caindo nos braços... Daí que tenhamos feito bem em parar fosse o que fosse. Ele pega no cigarro. - É curioso como é que te tirei dessa sombra. Encosto-me na cadeira. Tenho uma leve dor de cabeça que me acompanha desde a manhã. Agora, já ao entardecer, a moinha torna-se mais evidente. - Curioso? - Sim... Até hoje não sei bem como o fui capaz de o fazer... - Isso é fácil. Sentias-te sozinho e levaste tudo na brincadeira. - Da maneira que falas até pa...