"Nobre Vagabundo"
Encher o pulmão. Cantar. "Quanto tempo tenho pra matar essa saudade Meu bem o ciúme é pura vaidade Se tu foges o tempo Logo traz ansiedade Respirar o amor Aspirando Liberdade" Lembro-me bem que ouvi aquela canção vezes sem conta na casa da vizinha. O disco tocava e tocava na aparelhagem e isso parecia-me excecional. As tardes era muitas vezes passadas com a música a ecoar pelo quarto e com o cd nas mãos. Era espetacular perceber que aquele pequeno objeto tinha tantas canções. E era bom, era alegre, cantava-se, e de que maneira!, e dançava-se. Como se dançava... Primeiro, eu ficava apenas a ver, mas eram raras as vezes em que não dançava. Eu adorava. Naquelas tardes, os sonhos voavam e dava-se larga aos pensamentos, à brincadeira, aos sorrisos... Havia muitos sorrisos, lembro-me bem disso. E isso era bom, era esperançoso. Quando se é pequeno vê-se as coisas a essa dimensão: tudo é bom, quando é bom. Não há meios bons, nem segundos pensamentos. A nossa inocência faz com que s...