Uma Janela num Beco Sem Saída

Está um frio medonho e muitas vezes parece que todas as extremidades do meu corpo deixaram de ter vida, que o sangue as deixou de alcançar e, que, por isso, simplesmente as deixo de sentir. No entanto, em parte, é precisamente esse frio que me faz sentir que estou viva, que existo. Se ele me incomoda assim tanto, então é sinal que ainda me deixo incomodar por algo e isso é a prova de que não sou uma máquina e que continuo a sentir algo como todas as outras pessoas. No mundo que me rodeia facilmente caio na triste e mundana condição humana em que mais pareço um autómato baseado em regras, ideias impostas e preconceitos. Como se eles me comandassem e eu nem desse conta, apenas seguisse o enorme rebanho que são os outros que se regem por objectivos e propósitos sem fundamento nenhum. Frequentemente ponho a culpa noutras pessoas em relação àquilo que me acontece. Sou assim, porque alguém me fez assim. Mas estando a pensar nisso demasiado tempo ocorre-me a seguinte questão: e se es...