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A mostrar mensagens de setembro, 2012

Infantilidades nas Manifestações

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Eu penso que todos têm o direito em manifestar-se. Desde que tenham consciência para o fazer. Muito se tem falado das manifestações que têm acontecido no nosso país. Sim. Vivemos numa democracia e, aparentemente, os portugueses decidiram erguer a sua voz e protestar contra as dificuldades do dia-a-dias e contra as políticas do governo. Pessoas que nunca se tinham manifestado decidiram sair às ruas e mostrar o seus descontentamento. Pessoas de diferentes origens, de diferentes estratos sociais e com diferentes razões para se manifestar. No entanto, por mais que essas razões sejam válidas, porque raio levar as crianças para estas manifestações, com cartazes a dizer coisas do género: "Estão a roubar-me o futuro" ou então "não tirem aos meus pais aquilo que têm para me dar"?! E depois é muito curioso ver como as televisões adoram isto. "Ah. tão giro,que imagem tão linda... Uma criança, o nosso futuro a manifestar-se, a ser solidário com os pais". Com

Revolta Muda

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Todo o dia com barulho. Dentro do escritório, no prédio, na rua.  Mas, o pior é passar o dia do trabalho. São muitas vozes, muitas responsabilidades e injustiças sucessivas. As pessoas demonstram todos os dias que é impossível confiar seja em quem for.  As horas parecem dias. O tempo está parado e não se consegue avançar. A ameaça iminente de que o meu dia a dia se vai tornar num pesadelo deixa-me exausta. Sei bem que sofrer por antecipação é dos piores erros que se pode cometer. Aquilo que tememos vai acontecer mais cedo ou mais tarde, por isso, quanto menos pensarmos nisso melhor será. Houve uma altura em que consegui fazê-lo. Mas a evidência de que a personificação da hipocrisia, da mentira, da cobardia e da malvadez vai voltar a mandar em mim deixa-me completamente desnorteada. E, depois, parece que tudo corre mal. Tudo. A minha relação com o trabalho, com os outros e comigo própria. Tento todos os dias para que não seja assim. De manhã assim que acordo, ligo o rádio. Qu

Privação do Sono

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Horas sem dormir. Os olhos abertos, ouvidos atentos. Como única paisagem o tecto em branco. Parece que estou a ouvir alguém lá fora. Quem está na rua a esta hora? Sou eu?  Ou serão eles? Eles estão à minha espera para que eu saia e, enfim, me possam levar.  "Venham" Venham!" Remexo. Esbracejo. Não quero sair. Não quero que me levem. Começo a dar pontapés no vazio.  "Demónios, saiam! Fiquem a arder no inferno!!!" Grito, desespero. Eles já não estão lá fora, mas acabaram de entrar em minha casa. Fecho os olhos com força... Eu não quero ir. Não quero ir. Quero ficar. Agarro-me com força à minha cama. Antes que as suas mãos me puxem. Eu vou resistir. Eu não vou deixar que me levem. NÃO! Estou a começar a ouvi-los. Quero fugir. Quero saltar, quero correr e desaparecer. O medo consome-me. De tal maneira que não consigo sair da cama. Estou presa a ela. Não consigo.... Os músculos estão presos e não obedecem ao meu cérebro. Estou presa dent

Encarar a Verdade e Lidar com Ela

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É difícil sermos rejeitados. Principalmente, quando percebemos que há outras pessoas que assumem uma maior importância para alguém de quem gostamos. Não no sentido de ciúmes, mas sim de rejeição. Levamos a nossa vida porque temos um grande amigo. Fazemos tudo por ele e há alturas em que sentimos que também ele faz tudo por nós. Quando, por alguma razão, damos a entender que terá de escolher entre nós e alguém que julgamos pior que lixo e esse nosso amigo aceita ficar com esse lixo, sem apresentar nenhum argumento contra, isso magoa. Ou melhor, deixa-nos tristes. A mim deixa-me simplesmente muito triste. Não é desilusão, é mesmo tristeza. Hoje posso dizer, com toda a certeza, que estou triste.  Gosto demasiado da pessoa para ficar zangada com ela. Não estou e, do fundo do coração, apenas desejo que seja feliz. Mas perceber, finalmente, que não assumo a importância, que julgava adquirida, na vida dessa pessoa, deixa-me triste.  Com lágrimas nos olhos. Mas aí sou forte. Perante

Somos aquilo que Recebemos dos Outros

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Era já de noite quando saía do teatro. Pôs o chapéu na cabeça, aconchegou o casaco ao corpo e seguiu em frente, na rua que dava para um dos miradouros onde mais gostava de ir, principalmente depois de mais um dia de trabalho. Sentou-se num dos bancos livres e olhou para o rio. Encostou o seu braço ao banco e, com a sua mão, apoiou a cabeça.  "Somos aquilo que recebemos dos outros", pensou Eduardo. Era verdade. Desde muito cedo que mostrou que queria ser diferente daquilo que os outros esperavam de si. Queria fazer as suas próprias regras, tomar as suas decisões e criar o seu próprio futuro. Toda a sua família pertencia a um elevado estrato social com profissões de respeito: professores universitários, médicos e juízes. Foi-lhe imposto, desde criança, que também ele tinha de ser uma dessas pessoas. Teve uma educação rígida e horários bem definidos. Era na escola onde se sentia melhor: aí podia estar com outras pessoas e com os seus amigos, mas sempre tendo em conta quem e