Somos aquilo que Recebemos dos Outros

Era já de noite quando saía do teatro. Pôs o chapéu na cabeça, aconchegou o casaco ao corpo e seguiu em frente, na rua que dava para um dos miradouros onde mais gostava de ir, principalmente depois de mais um dia de trabalho. Sentou-se num dos bancos livres e olhou para o rio. Encostou o seu braço ao banco e, com a sua mão, apoiou a cabeça. "Somos aquilo que recebemos dos outros", pensou Eduardo. Era verdade. Desde muito cedo que mostrou que queria ser diferente daquilo que os outros esperavam de si. Queria fazer as suas próprias regras, tomar as suas decisões e criar o seu próprio futuro. Toda a sua família pertencia a um elevado estrato social com profissões de respeito: professores universitários, médicos e juízes. Foi-lhe imposto, desde criança, que também ele tinha de ser uma dessas pessoas. Teve uma educação rígida e horários bem definidos. Era na escola onde se sentia melhor: aí podia estar com outras pessoas e com os seus amigos, mas sempre tendo em conta quem e...