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A mostrar mensagens de janeiro, 2021

Alguma vez me Quiseste Mal?

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 - Alguma vez me quiseste mal? Mantenho os olhos fechados. Percebo bem o que ele me pergunta, com a sua cabeça encostada ao meu peito. Sinto que o acolho sem peso nem medida e a sua proximidade faz-me acreditar que nada não passou do que há muito era suposto ter acontecido. Sinto a sua cabeça que se move, a barba que me roça na pele e maneio a cabeça. - Não. Como é que poderia querer-te mal? Muito pelo contrário. Atrevo-me a levar a minha mão ao seu cabelo e por aí passeio os meus dedos na certeza de que ele está ali comigo. É uma realidade, não está na minha imaginação. Somos parte um do outro, sem saber o que quer isso dizer. Mas, sim. Sinto-o como parte minha, sempre o senti, como poderia alguma vez querer-lhe mal? - Nunca te pude querer mal. Apesar de tudo, nunca me poderei esquecer que me desta esta sensação do que é viver. Nunca te poderia querer mal. - Assim foi mais difícil. A sua frase sai como uma verdade absoluta. Sinto a apertar-me ainda mais contra si. Não lhe posso mentir

Os Velhotes Passeiam à Noite

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Gosto sempre da noite. É claro que um bonito dia de sol com um azul resplandecente é extraordinário. Mas, a noite... A noite é silenciosa e dá-me aquela sensação de que me posso sempre esconder. Às vezes, a noite obriga-me a confrontar-me comigo própria, o que também pode ser exaustivo. Mas, na noite... É na noite, quando ando pelas ruas, que sinto que nada me pode acontecer. E é à noite que já vi coisas belíssimas. Como estes dois velhotes que andam de mão dada.  Reparei logo neles assim que deixei de olhar para o céu iluminado por uma bonita lua cheia. E lá os vi, a andar, sempre de mãos dadas. Ambos com casacos pretos e com um calçado confortável. O cabelo da velhota completamente branco, enquanto que o do velhote estava coberto com uma boina castanha. Assim que vi aquele casal fiquei apaixonada por aquela imagem. Ambos com o mesmo ritmo, ninguém puxa por ninguém. Estão ao lado um do outro, com uma segurança nas mãos que é notável. Como se  as duas mãos fossem apenas uma. Como se os