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Angustiante Reajuste à Realidade

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Os braços que me circundam provocam em mim um sentimento de segurança que nunca tive. Que sensação é esta de estar numa outra vida onde não há passado nem futuro? Só o presente. Que bela sensação libertadora, como se fosse eu. Ali. Verdadeiramente com aquele homem que me proporciona uma sensação de plenitude, à beira de um estonteante mar azul banhado pelo sol. De repente, os mesmo braços que me seguram, deitam-me para o chão. A força com que caio faz-me perder os sentidos. Já não sei onde estou. O mar já não está lá, muito menos o sol. É tudo escuro, o chão é feito de uma pedra que nunca antes tinha visto. Uma pedra pontiaguda, que me fere as costas.  O que se passou de um momento para o outro? As mesmas mãos que há pouco me seguravam, arrancam de mim tudo aquilo que eu tenho. Grito desesperadamente. Porque é que essas mesmas mãos esfolam a minha pele? Porque me arrancam impiedosamente o meu coração? A dor que sinto é incontrolável, mas mesmo assim, não morro. E tudo...

Quando Somos Menos Um

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São demasiadas as vezes em que nos cresce o ego. Por pensarmos que não valemos nada, caímos no erro de pensar que somos melhor do que os outros... Como se a certeza de que somos uma nulidade nos desse automaticamente a certeza de que somos melhores do que os outros, tendo comportamentos diferentes e distintos. Mas não é assim. Podemos ser um zero, mas não nos podemos esquecer que nos podemos tornar num menos um. É claro que o que também nos define é a forma como lidamos com o facto de tomarmos uma atitude de menos um. Ficamos a pensar nisso? Esquecemo-nos? Não lhe damos importância? Se tomarmos uma atitude de menos um e não pararmos para refletir, algo está mal. Se, por outro lado, sentimos remorsos, não conseguimos esquecer e nem sequer nos sentirmos dignos das boas coisas que nos acontecem... Então talvez não estejamos perdidos. É aquele confronto com a realidade de que naquele momento ou naquela hora nos tornámos iguais àqueles que na nossa cabeça são os porcos, feios e maus, que no...

Descanso de Nós Mesmos

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Podemos tirar férias de nós próprios? Podemos escusar-nos de viver a nossa vida por algum tempo? Chegar ao pé de alguém ou de alguma entidade e pedir-lhe quinze dias de descanso de nós mesmos? Descanso das nossas farsas, das nossas mentiras, das nossas tristezas, das nossas desilusões, das nossas fraquezas, das nossas obrigações... E de tantas outras coisas da nossa vida e do nosso carácter das quais nos queríamos libertar, nem que fosse, apenas, por uns dias... Ao mesmo tempo que penso que é tão estranho sentir esta necessidade de esquecer quem somos, penso que é normal desejarmos sair da nossa vida, como se ela fosse uma casa, da qual podemos abrir a porta e sair. Mas temos a chave e sabemos que nada nos impede de regressar... Mas precisamos tanto de ir dar um passeio ao parque, ou beber um café no estabelecimento da esquina da nossa rua. A única forma que conheço que nos permite descansar do que somos é a nossa imaginação. O ser humano tem a capacidad...

Deixar de Sentir

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A vida corre como sempre. Pessoas que se amontoam numa plataforma, para depois num ápice desaparecerem dentro das carruagens do comboio que agora aparece. Dentro de um minuto tudo vai voltar a acontecer. As pessoas vão voltar a juntar-se naquela plataforma à espera de mais um comboio. Enquanto estou sentada, fazendo também parte desse amontado de gente, olho para alguns deles e penso: será que todos eles são conscientes? Todos eles têm o que querem? Todos eles cumpriram os seus sonhos ou, pelo menos, tentam alcançá-los?  É estranho pensar que o resto do mundo pode ser igual a nós, seres vazios de propósitos, seres embebidos na rotina, seres que não sentem. Ou que, pelo menos, não querem sentir. Chega a ser angustiante. Podemos mandar no nosso cérebro e dizer-lhe vezes sem conta: não quero sentir, não quero sentir, não quero sentir. Tantas vezes que o dizemos a nós próprios que pensamos que já nos convencemos. Que já formatámos, por completo, aquilo que somos. Mas,...

A Expectativa de Viver à Espera de Nada

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A ideia de que estamos continuamente a viver aquilo que nunca sonhamos não deixa de ser angustiante. Até mesmo se já nos habituámos a isso. Viver aquilo que nunca pensámos ser possível... Porém, de uma forma menos positiva. Sonhamos que vamos ser capazes  de ser diferentes do que aquilo que se espera que sejamos...  Mas, de uma maneira ou de outra, acabamos por cair sempre para aquilo que estava à nossa espera. E isso não deixa de ser, também angustiante. No entanto, acredito que aquilo que ainda contribui mais para essa angústia é saber que cada sonho que tivermos não se vai concretizar. Porque, sempre foi assim. Aí decidimos viver sem expectativas. Mas como se pode fazer isso? Viver sem esperar que algo aconteça? Existem uns que esperam eternamente o amor, outros que esperam ficar melhores na vida, outros que esperam ser ricos. Depois existem aqueles que esperam algo mais simples, mas que não deixa de ser fundamental: o convívio com os amigos, ver uma partida de futebol, esp...

Como se lida com a morte?

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A morte é sempre complicada. É um acontecimento ao qual nunca aprendi a reagir (penso que poucos o sabem fazer).  É sempre desconfortável. Uma pessoa nunca sabe como se deve comportar ou o que dizer. E tudo ainda se torna mais complexo dependendo da importância de quem morre. Daquilo que significa para cada um de nós. Penso que esse é o factor determinante para aquilo que fazemos a seguir ao conhecimento dessa notícia. Nunca aprendi a lidar com esta sensação. Sinceramente, também não sei se isso é algo que se "aprende"... Se quem morre é alguém muito próximo de nós , a dor da perda é inexplicável . A reacção imediata é o choro. Eu até acho que não pensamos em nada em concreto. As memórias vêm depois... Vêm com a saudade. Sentimos a falta dessa pessoa só com o passar do tempo. Aquilo que sentimos no momento em que ouvimos "o tal morreu" é como se nos dessem um murro no coração e nos partissem a cabeça ao meio. Mas sentir o vazio que se apodera de nós, pa...