A Mulher que Não Sonhava
- Porque é que estás sempre com ele? - pergunto, olhando para o fio que ele traz no seu pescoço. Sem deixar de olhar para mim, ele sorri. - Porque é que queres saber? Encolho o ombro de forma quase imperceptível. - Gostava de saber tudo de ti. O azul dos seus olhos parece tão claro, quase como se conseguisse ver o meu reflexo. - Achas que não sabes? Fecho os olhos e sorrio levemente. Ele e a sua mania de me responder de forma tão vaga. Sinto um arrepio e estremeço. Viro a minha cabeça para o outro lado e abro os olhos. Olho para o chão e ali está ela. Ali está ela, à beira da cama, deixada ao acaso, como se ali estivesse porque o seu propósito estava já traçado desde o início. Deitada na cama, estico o meu braço e pego na camisa de flanela. Antes de a vestir, cheiro-a. Tem o cheiro dele, o mesmo que está impregnado na minha pele. Roço os meus lábios naquele tecido quente, ao mesmo tempo que sinto a barba dele no meu ombro, deixando os seus lábios viajar ao de l...