Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta desejo

Inquietude Constante

Imagem
Gostava de te ver entrar por aquela porta. Não com o teu mesmo ar desconstraído, mas com a expressão de quem está preocupado.  Gostava de te ver entrar por aquela porta e de ficar surpreendida. Tão surpreendida que não teria quaisquer palavras que pudesse proferir. Que, finalmente, me fizesses sentir que eu valho alguma coisa... nem que fosse uma coisa mesmo pequenina. Bastar-me-ia. Gostava de te ver entrar por aquela porta e que me deixasses sem chão. Que me deixasses sem chão, como daquela vez.  Queria que me deixasses sem chão, que me deixasses suspensa sem saber o que fazer, perdida por te ver de novo à minha frente como tantas vezes imaginei. Queria que me deixasses sem chão, sentindo cada uma das tuas mãos na minha face, não me deixando cair, como se ficássemos os dois suspensos no ar, num qualquer estado etéreo onde a existência é mais do que fisíca. Queria que me deixasses sem chão para que com o teu simples gesto me mostrasses que se pode levitar, dançar e voar sem nu...

Um Encontro Pouco Casual

Imagem
A meia luz da sala dá a sensação de que está sozinha. Como em tantas outras situações isso não a preocupa. Afinal sempre foi assim. L. pega no copo que está meio vazio e leva a cerveja à boca. Há poucas coisas que conseguem saber-lhe tão bem quanto uma cerveja a meio da noite. L. quase que termina o copo quando decide que ainda quer ali estar mais um pouco a bebericar o resto da cerveja. Pelo menos até ele regressar à sala.  Ela só o quer ver como se fosse a última vez. Será, concerteza, a última vez. Depois, não valerá a pena prolongar seja o que for. Com um ar descontraído ele entra na sala. L. nota como ele traz aquele semblante despreocupado, como se nada se passasse. Na realidade, nada ainda se passou. Mas, L. sabe que tudo vai acontecer no escasso tempo que estiverem juntos. L. não pode perder esta oportunidade. Esta é a oportunidade de se sentir viva e se não for com C., não será com mais ninguém. Os seus olhares encontram-se mesmo com a pouca iluminação exi...

Toma-me

Imagem
Toma-me. Toma-me nos teus braços e tem-me, assim completa e irracionalmente, como se conseguíssemos ser apenas dois corpos com vontade de se terem. Sem amarras nem responsabilidade. Sem ânsias nem arrependimentos. Toma-me como se eu fosse o teu bem mais precioso, como se nada mais te importasse no mundo, pelo menos enquanto estivermos juntos naquilo que mais puro e físico conseguirmos. Toma-me de forma pura e crua, como se apenas quiséssemos viver aquilo que o nosso corpo nos pede, não a cabeça nem o coração. Toma-me da maneira que o meu corpo me pede que tu tomes, porque só tu me podes tomar dessa forma. Toma-me sem pudor, sem medo nem reservar, como se tivesses nascido para isso. Como se estivesses a cumprir um desígnio, como se estivesses a cumprir a missão para a qual nasceste. Toma-me sem vergonha do que quer que seja, com toda a tua sinceridade de gestos, de presença, de crença. Toma-me com honestidade. Assim, duramente, sem medo de te magoares, de me magoa...

Como Seria se Estivesses Aqui?

Imagem
Às vezes penso como seria se estivesses aqui...  Se tivéssemos crescido juntos, na mesma cidade, na mesma rua, na mesma casa.  Como seria ter sempre a tua presença, a tua companhia, o teu carinho, a tua protecção? Bastaria estar no abraço um do outro. A distância não seria um entrave e esta saudade de ti que me invade deixaria de existir. Como seria poder sair de casa e dez minutos depois estarmos num café a beber cerveja, a falar de tudo e de nada? Depois de um longo dia de trabalho teríamos a oportunidade de dividirmos o que quiséssemos, sem prejuízo de saber que até aquilo que não era dito estava a ser partilhado entre nós. Se estivesses aqui talvez todo o sofrimento por que passámos não tivesse sido o mesmo. Ou, pelo menos, não teria as consequências que teve e que caíram sobre nós. Sabes porquê? Porque poderíamos também partilhar essa dor. Contigo poderia ter recuperado das quedas que sofri, podia restabelecer-me das quedas que sofro. Tenho tanta cert...

Vamos Falando!

Imagem
O sentimento de quando deixamos as pessoas de quem mais gostamos é talvez aquele que seja mais difícil de classificar. Ficamos tristes, é certo, mas também sentimos outras emoções para além disso: é um misto de saudade, de alegria e de satisfação que nos flutua no coração. E toda essa parafernália de sentimentos deixa-nos sem saber como lidar com isso. Por exemplo, se dizer "até à próxima" nos deixasse apenas tristes, saberíamos como reagir a isso. Talvez chorássemos, não teríamos vontade de sorrir e as boas memórias não seriam capazes de cobrir essa mesma tristeza. No entanto, este " até à próxima " àqueles a quem tanto queremos deixa-nos diferentes. Senti-mo-nos tristes pela falta de tempo para estarmos junto deles, por mais dias que tivéssemos tido para estarmos por perto, mas também somos capazes de sorrir com todas as boas recordações que construímos ano após ano, visita após visita, férias após férias. As conversas, as brincadeiras, aquilo que fazemo...