Catarse
Gostava mesmo que fôssemos dois atores numa peça de teatro. Em cima do palco, não precisaríamos de qualquer público, nós os dois seriamos suficientes para este espetáculo. Virados um para o outro, com o olhar um no outro, tal como deve ser o confronto entre duas personagens. Há uma altura em que os protagonistas da história se confrontam, não é? Um confronto de palavras, de gestos, de posturas, de silêncios. Um confronto de silêncios... Consegues imaginar como gostaria de representar isso contigo? Claro que não. Agora, imaginas lá tu que eu sequer existo ou que ainda penso em ti. Nós os dois, na penumbra do palco, tu perto de mim, eu perto de ti, apenas a olhar-nos em silêncio. Primeiro, hirtos, depois, ao de leve, moveríamos a cabeça, o meu olhar triste falaria muito mais do que o teu olhar surpreso poderia aguentar. No tempo que considerássemos suficiente, o silêncio terminaria. E eu perguntar-te-ia: não tens qualquer apreço por mim, pois não? Ali, no palco, com apenas os deuses da ...