Mataste-me

Mataste-me com a tua bonita mão,

Que pegou no meu coração 

E levaste-o com um puxão.


Enquanto com os teus dedos o apertavas,

Ele na tua mão sangrava

E com pena me olhavas.


Afastaste-te

e contigo o levaste.

Hirta e vazia me deixaste,

o que me trazia vida tu arrancaste.


Fui cedendo.


Primeiro uma perna,

Depois outra.


Acreditei que ainda virias,

Que o meu coração restituirias.


Manti-me de joelhos.

À espera.


O braço deu de si.

Para que querias o meu coração?

O outro braço também descaiu.

Deixei-me cair no chão.


Que faço eu agora sem o meu coração?

Com o peito aberto,

Com as vísceras a descoberto,

Com uma dor sem comparação.


Que faço eu agora com o vazio no meu peito?

Com as veias decadentes,

Não mais com fogo ardente,

Sem amparar este despeito.


Porque me mataste?

Porque deixaram que ele me matasse?


Deus… Como estou cansada.


Roubaste-me o coração.

Não tenho forças para o ir buscar.

Jazo neste chão,

Ainda à espera que me vás procurar.


Desejo ver-te 

Para que me digas onde o meu coração encontrar.

Choraria a rogar-te

Para que mo fosses buscar e eu voltasse a respirar.


Aqui, no chão, 

Rodeada do sangue da minha solidão,

Fecho os olhos devagar, 

Sem a tua falta aceitar.


Tu mataste-me.

Mesmo que penses que fora me deitaste,

Contigo me levaste!


Quando mo arrancaste.

Quando com desprezo me olhaste.

Quando tu te afastaste.

Contigo tu me levaste!

E com isso me mataste!


Devolve-me.

Por favor, devolve-me.


Estou a sucumbir, 

Mas, creio que ainda há tempo de voltar a existir.

Não sejas egoísta e devolve-me, mesmo dilacerado,

Devolve-me o meu coração arrancado!


Antes que não mais consiga esperar,

E, enfim, eu aceite este corpo de vida desprovido,

E já outros venham buscar

Este Ser morto sem alma e sofrido.

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