A Menina à Janela
Tinha acabado de chover quando passei pela mesma rua que me faz recordar-te e pela qual ando tantas vezes. Num dos prédios cinzentos, no rés do chão estava uma menina, encostada ao parapeito da janela, que olhava em frente. Talvez estivesse a contemplar os montes de folhas caídas junto aos carros ou as inúmeras poças de água que se formaram naquela estrada de alcatrão esburacado. Não sei o que a menina estava a ver, mas, automaticamente, fiquei com a sua imagem na cabeça. Antes, quando via crianças não pensava em nada de especial, apenas que a sua ingenuidade era engraçada e que era preciso dar-lhes educação e conhecimento. Hoje, penso sempre "Deus queira que seja feliz". A felicidade é subjetiva, bem sei. O que a mim me pode fazer feliz não é o mesmo para o outro. No entanto, eu sei que há um sentimento que é capaz de ser transversal a todos no que toca à felicidade. O amor. Quando eu era uma menina ouvia sempre em casa os mais velhos a dizerem uns aos outros: "o impor...