Tudo Foi Um Belo Sonho

Foi tudo um belo sonho.

Tal como quando o nosso inconsciente brinca com imagens díspares, sem sentido e, surpreendentemente, cria imagens e sequências que nos contam uma história. Com pessoas que conhecemos ou não. Com narrativas que fazem sentido ou não. Com coisas boas...

Afinal, aprendi que os sonhos também acontecem na realidade. São acontecimentos que nos transportam para uma qualquer vida alternativa em que podemos ser quem queremos ser. Com quem queremos ser. A fazer o que queremos fazer. Sem barreiras nem pudor.

Sempre gostei de sonhar, muito embora sempre tenha sonhado pouco. Falo do sonho do inconsciente. Sempre sonhei pouco, mas, quando sonhava, quase sempre acordava a sorrir. Fossem histórias estapafúrdias ou não, gostava que o meu inconsciente me levasse a viajar por outros caminhos, como se daquela forma, durante a noite, eu tivesse andado por um outro local qualquer.

Eu também gostei de sonhar com a minha consciência bem alerta. Foi diferente. Foi tão diferente que, só agora, passado tanto tempo, é que me apercebo de que foi um sonho. Foi como se estivesse a sonhar durante meses a fio. E... Foi tão bom. Como foi bom poder sair da minha realidade, abrir asas e voar. Alto e sem pisar a terra. O mais curioso deste sonho é que eu andava pelos mesmos caminhos de hoje, mas sentia tudo de uma forma distinta. Deus! Como eu senti como nunca tinha sentido antes. E isso tornou tudo ainda mais real, levando-me a confundir o sonho com aquilo que é a vida de todos os dias. Mas... Era bom. Como era bom andar pelos mesmos caminhos que ando hoje, mas sempre a levitar. Como isso foi um descanso... Um descanso e uma boa distração.

Quando o meu inconsciente brinca com as pessoas que conheço é engraçado. Principalmente, quando vai buscar pessoas de quem gosto e que me fizeram ou fazem bem. Ou pessoas que eu gostava de conhecer e não conheço. Ou pessoas que eu gostava de ter e não tenho. É tão bom. Quando acordo a primeira coisa que faço é sorrir. Depois, é certo, fico um pouco triste por ser um sonho, mas logo isso se desvanece com a boa sensação de que o que sonhei fazia-me bem e de forma inconsciente. Como se dessa forma, eu pudesse ter alguma imagem do que era bom dentro de mim.

No meu sonho consciente, o faco de ter tido o que sempre tinha querido tornou tudo ainda mais real, mais vivo, mais sentido. Porque... Foi consciente, fui eu que escolhi estar ali, fui eu que escolhi aquela história. Fui eu que a escolhi! E esse gesto de poder escolher e pensar em nós em primeiro lugar é estonteante. O meu sonho consciente foi isso: uma escolha minha, nada me foi imposto. Nada foi pesado. Era tudo tão leve...

Acordar é o que temos de mais certo. Acordamos sempre, agarrados à almofada, ou sem ela, encurvados ou esparramados na cama. Acordamos sempre porque há um barulho qualquer que nos faz regressar ao nosso estado consciente. Acordamos porque o sonho termina de uma forma abrupta e abrimos os olhos repentinamente. Enfim... Seja porque motivo for, a verdade é que acordamos sempre.

O mesmo acontece com o sonho consciente. Ou pelo menos comigo foi assim. Foi preciso uma coisa muito má e abrupta para eu deixar de andar leve e para o peso que me tinha saído das costas me caísse novamente em cima e ocupasse exactamente o mesmo local. Como... Afinal, como sempre foi. O peso quando cai sobre os ombros sabe exactamente como e onde se coloca, como se ele próprio tivesse memória. O peso terá memória? Concerteza que sim. Mas, bem, ao contrário do sonho inconsciente, este sonho vivido, quando terminado, torna tudo mais cruel. Demorei tanto tempo para ver que realmente tinha sido um sonho. Como quando escolhemos ir para um caminho diferente a meio da caminhada que fazemos todos os dias. Foi uma fuga. O sonho foi uma verdadeira fuga, a qual só me apercebi passado tanto tempo. Talvez a vida de todos os dias seja mesmo assim, para sempre, igual até ao fim. E, de facto, não passou tudo de um belo sonho. Com um fim abrupto e doloroso, caso não fosse assim não acordaria, mas foi um sonho.

Tudo não passou de um sonho.

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