Roubar e Matar não são crimes?

Estavamos no ano de 1944 quando Becher chegou à Hungria. Aqui o seu principal objectivo não foi matar, mas sim extorquir tudo quanto pôde aos judeus húngaros.

Mesmo não querendo acreditar no que já tinha ouvido várias pessoas dizerem, hoje tive uma prova de que os Julgamentos de Nuremberga (onde foram julgados os cabecilhas Nazis, executantes do Holocausto) podem ter sido uma fachada, deixando de fora muitos culpados. Atenção! Não quero com isto dizer que tenham sido todos, mas hoje tive conhecimento de um caso que, sinceramente e sem medo daquilo que vou escrever, me meteu nojo.

Na Grande Reportagem, A Lista de Chorin, que passou na RTP1, em 2008, conhece-se a história de vida de uma família judia que vivia na Hungria. Mas esta família era diferente da maioria: era uma das mais ricas do país. Em 1944, Chrorin, o patriarca da família, foi preso pelas SS, aquando da invasão do país húngaro. A família estava em perigo. Mas houve um general que aproveitou bem o facto de ter na sua posse um dos homens mais ricos do país. Como já era hábito por parte dos Nazis, estes negociavam com as pessoas mais ricas, que estavam presas, fazendo com que estes lhes dessem todos os seus bens, na esperança de, em troca, receber a liberdade. Ou seja, a oportunidade de fugir. Geralmente, os generais ficavam com os bens e as famílias eram, da mesma forma, deportadas para campos de concentração. Mas com esta família, o general Becher foi diferente: ele cumpriu o acordo e, depois de os bens de Chrorin estarem na sua posse, fez com que esta família fugisse e fosse acolhida em Portugal.

Até hoje ninguém sabe esclarecer este mistério: porque é que este general cumpriu o acordo? Há três hipóteses que até podem ser elas, no seu conjunto, a resposta a esta pergunta:
1. Para que a família abonasse a seu favor quando fosse julgado;
2. Por saber que a Guerra estava perdida ou
3. Por, simplesmente, ter simpatizado com Chorin.

A verdade é que a fama de Becher não é a de bom samaritano. Na verdade, desde muito cedo, que este conseguiu atingir as mais altas patentes do exército alemão. E, de facto, isto só podia acontecer por ter tido uma grande prestação nas suas missões anteriores. É provável que tenha morto milhares de pessoas, em todas estas missões. No fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946 começam os julgamentos dos nazis.

Poderiamos pensar que todos eles foram receberam pena e que a justiça, pelo menos uma vez nesta existência, tinha funcionado. Para minha surpresa, não. Becher morreu em 1996, como um dos homens mais ricos da Alemanha, não tendo sofrido nenhuma sentença nos Julgamentos de Nuremberga.

O que se passa com este mundo? Será que sou apenas eu que acho isto uma tremenda imundíce? Como é que um nazi consegue escapar? Não acredito que por ter salvo 35 pessoas, isso fizesse com que fossem esquecidas todas as outras pessoas que matou ao longo da sua vida militar. Para além disso, a riqueza que construiu não foi por ter trabalhado para conseguir tal coisa, ou por herança. Mas sim, pelas negociações que fez com os vários judeus, a quem extorquiu aquilo que eles possuiam. E tudo em troca de algo que está inerente ao homem, assim que vem ao mundo: a liberdade.

Às vezes gostava de saber que a justiça já funcionou em tempos. Que agora está mal, mas que já funcionou bem, em tempos... Pelos vistos não. Cada vez pior.
Os lobbys económicos sempre existiram, a igualdade é uma miragem e a justiça é inalcançável. É inaplicável a quem, de facto, deveria pagar pelos crimes hediondos que cometeu.

Ainda hoje me pergunto como ainda existem pessoas que dizem que o Holocausto não existiu. A verdade é que existiu e que homens como Becher, que mataram e roubaram milhares de pessoas, tiveram uma vida descansada até à sua morte. Esta é a verdade e jamais pode ser alterada...

Bem vindos ao mundo hediondo onde quem mata e rouba, nada acontece.

Links:
General Kurt Becher
Registos dos Julgamentos de Nuremberga
Lista de Chorin - Prémio Gazeta 2008

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