Os Contos de Fadas não existem
A princesa vivia num castelo, onde tinha tudo e mais alguma coisa. Era amada pelos pais, que a protegiam. Certo dia, num passeio, encontra um bonito e charmoso principe, que logo fica encantado por ela. Conhecem-se, mas a princesa precisa de ir embora. Despedem-se, mas o principe fica sem saber como ela se chama e qual o seu castelo. É aí que ele reúne todos os seus esforços para a encontrar. E, depois de algumas peripécias, consegue encontrá-la. E é claro, agora não a deixa escapar e acabam por se casar.
As histórias que se contam às crianças (e note-se que não são todas que têm o previlégio de ouvirem histórias destas) são falsas. Não acontecem na realidade. Admito que haja um caso num bilião, que possa acontecer. Mas é verdade: os contos de fadas não existem.
É bom que as crianças, mas somente as crianças, continuem a acreditar nelas para que não tenham contacto com a selva deste mundo. Mas, nem todas elas podem acreditar nesses contos. Há pessoas que, mesmo quando tinham idade para isso, não acreditam nas histórias de encantar. Para quem vive perto da pobreza e marginalizado, imaginar um mundo onde tudo é uma maravilha é muito difícil.
Os mais pequenos que vivem em bairros degradados são um exemplo disso. Mal vêem a mãe, que sai cedo e entra tarde. Muitas vezes a rua é a sua única saída, sem ninguém que cuide deles e, mais do que isso, esteja com eles. E falo no verdadeiro sentido da palavra estar... Ninguém pode esperar que estas crianças sejam bem comportadinhas, que estejam quietinhas e que recebam barbies todos os dias para brincarem.
Agora pergunto: E como explicar isso a quem sempre teve tudo e que aos 22 anos ainda acredita no Pai Natal e na Cinderela? Quando duas pequenas culturas se esbarram duas coisas podem acontecer: ficamos parados, assustados e queremo-nos esconder dessa realidade, substituindo-a por outra mais bonita ou enfrentamo-la e tentamos viver com ela, bem ou mal.
Entristece-me ver pessoas que vivem numa bolha, onde tudo o que seja diferente do que sempre conheceram, como o bem estar, seja estranho e, logo de seguida, ignorado. O que ainda me choca mais é arranjarem substantivos bonitos para disfarçar a sua inércia perante os problemas da sociedade de que fazem parte. Muitas vezes os miúdos são violentos para com os outros. E quantas vezes não ouvimos já algumas pessoas dizerem "estou traumatizado por ter visto aquelas crianças a baterem na outra! Como é possível serem tão cruéis?!"
É um trauma ver miúdos à porrada, é um trauma ver miúdas de 12 anos grávidas, é um trauma ver uma criança a roubar. É tudo um trauma... Se isto é um trauma para quem sempre teve a sua vidinha cómoda, imaginemos o trauma que não deve ser para uma criança ver a mãe a levar porrada todos os dias, ser deixado ao abandono durante o dia, não ser incentivado por ninguém... no fundo estar sozinho.
Acordem! A vida não é estar á frente de carradas de livros a fingir que somos muito inteligentes e que seremos grandes médicos no futuro. A vida não é estar no nosso núcleo de amigos muito bem comportados, que têm como objectivo de vida serem grandes profissionais e ganharem muito dinheiro. A vida não é só estar com o namorado a passar férias em França e dizer que foi bonito. A vida não é só estar na missa todos os domingos, ir a todas as orações e ir a todo o mundo em manifestações religiosas se, no final, nos esquecemos do que é vital: do outro que ao nosso lado sofre, porque não tem o que todos nós já demos como adquirido e que não nos custou nada, absolutamente nada ter: amor. Na vida real não há príncipes encantados que encontram princesas nas florestas e que vivem felizes para sempre, num mundo onde nem sequer existe a palavra "problema".
Olá Leninha...Pois é, os contos de fada não existem e ainda há pessoas que acreditam neles, e que se escondem do mundo e ignoram a realidade na esperança que ela desapareça... E depois é claro não conseguem compreender o nosso mundo! Como podem elas falar de trauma quando nem elas próprias sabem o que isso é não é verdade... Mas pronto...
ResponderEliminarbeijinhos e não pares e escrever :)