A Prisão do Ponto Sem Retorno

Quando chegamos a um ponto sem retorno é o mesmo que nos sentirmos presos. A nossa liberdade termina quando deixamos de ter a oportunidade de voltar atrás. Voltar ao ponto de viragem... De viragem porque tem subjacente duas escolhas: a de seguir em frente ou a de recuar. Se ficamos sem essa possiblidade, a de recuar, então só podemos andar para o que está a seguir. E, às vezes, nem sempre o que vem a seguir é aquilo que queremos. Por isso mesmo estamos presos. 

Como reagir perante essa realidade? É impossível que o consigamos fazer sem ressentimento, sem  frustração, sem irritação, sem tristeza. Porque nunca ficamos imunes a esses sentimentos se vamos fazer algo que nunca quisémos. Como se continua a viver se tudo aquilo que se perspectiva nos faz querer parar e recuar?

É tal e qual como quando paramos num sinal STOP. Sem dúvida de que se estamos perante este sinal temos de parar. Para depois seguir em frente. Não podemos recuar, apenas seguir em frente. E se não quisermos seguir em frente? Não poderemos fazer mais nada. Somos obrigados a seguir.

E é essa obrigação que traz a frustração. Porque raio temos de ser obrigados a fazer qualquer coisa? Porque temos que seguir aquilo que nos é imposto? Ora, pois bem, porque existem consequências. Dependendo daquilo que falamos, essas consequências podem ser mais graves ou menos graves. Mas elas existem.

O caricato de tudo isto é que não queremos seguir em frente. Não queremos aquilo que o futuro nos  reserva, só queremos recuar, o que não é possível. Mas, também, não estamos preparados para as consequências dessa recusa de seguir adiante... dessa  recusa em fazer aquilo que não queremos. E, pronto. Aí temos a vontade de ficar para sempre parados naquele STOP. Mas, é claro, todos os outros nos empurram em ir. Todos os outros nos obrigam a seguir. 

E nós somos obrigados a seguir as obrigações. Afinal de contas, o que poderíamos fazer? Se somos obrigados a seguir, seguimos. E depois da frustração vem a tristeza. A tristeza de sentirmos essas amarras das obrigações nos nossos pulsos. A tristeza de percebemos que apenas aqui estamos para seguir  as obrigações. Porque, afinal de contas, já não há volta a dar. Já não há um ponto de regresso. Um ponto de viragem. Isso já não existe, porque, de facto, o tempo nunca volta atrás.

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