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Traumas Tramados

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Os traumas são tramados. São eles que marcam, que moldam a personalidade, que nos definem. Seja muito ou pouco. Há sempre uma réstia dos traumas dentro de quem passou por eles... ou, ainda, passa. Ainda pra mais se falarmos em traumas que o ser humano vive quando ainda é pequeno. Se, desde novos, presenciamos e vivemos situações que são aterrorizantes, como é de esperar que isso não nos afecte no crescimento? Sempre digo: para percebermos porque é que uma pessoa, criança, adolescente, adulto ou idoso, tem certas atitudes, deveremos conhecer o que está por detrás delas.  Ultimamente, tenho pensado muito sobre isso. Se alguém tem um acto despropositado para com o outro, que leva aqueles que estão à sua volta a ficarem impressionados, "chocados", isso tem sempre uma explicação. É claro que podemos pensar em doenças psíquicas mas, creio que, em grande parte, isso se deve a traumas. Ainda hoje ouvi mais uma história. Aquela "típica" e recorrente má his...

Sentir de Olhos Fechados

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Sinto-me exausta.  Chego a casa e a primeira coisa que faço é fechar os olhos e, por um segundo, sinto que tudo não é real. Que tudo está na minha cabeça. Que esta é apenas uma história. Que vou abrir os olhos e tudo será diferente.  Tu vais estar aí, à minha espera, com aquele sorriso que, para sempre, ficará cravado na minha cabeça. No teu tom sereno vais perguntar "então?" E eu vou apenas olhar para ti e tu vais perceber. Levantares-te~ás da cadeira e irás colocar as tuas mãos sobre os meus ombros. Não vou conseguir conter as minhas lágrimas e elas vão escorrer pelo meu rosto. As tuas mãos grandes, mas doces, vão cobrir-me as faces e irás secá-las. Não terei vergonha de te olhar nos olhos. Olhar-te-ei nesses olhos castanhos e tu saberás o que fazer. Saberás que apenas preciso que me feches no teu abraço. Saberás que só e apenas dessa forma me vou sentir protegida. Não diremos, sequer, uma palavra e vais deixar-me ficar aí, junto de ti, até que eu queira.  ...

A Infelicidade nos Bons Actos

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Ontem de manhã ouvi algo curioso: as pessoas que fazem coisas boas estão a caminho da felicidade. Será assim? Só aqueles que têm o tesouro da felicidade conseguem pensar no outro? Conseguem olhar o outro e ajudá-lo? Penso que não. Acredito, sim!, que as pessoas felizes têm actos de amor e de solidariedade para com o outro. Isso sim. Ninguém pode ser feliz e querer o mal de quem quer que seja. Ninguém pode ser feliz a prejudicar quem está ao seu lado.  Quem deseja ou pratica más acções que originam dor e sofrimento ao outro não pode estar bem consigo mesmo. Nos dias de hoje, a desesperança impera. Todos sabemos disso. Encontram-se no ressentimento, na amargura e no sofrimento os motivos para atacar quem nos está próximo. O que é mau, gera ainda pior.  Os actos de malvadez e sem escrúpulos apenas podem ser justificados pelo "ressabiamento" de quem o faz. Quem é "ressabiado" não consegue ser feliz. Quem é egoísta, não é capaz de ser feliz. Q...

O Que nos passa pela Cabeça?

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São muitas as ocasiões em que uma simples pergunta me assola a mente: no que é que pensam as pessoas? Podemos alguma vez pensar que aquilo que as pessoas aparentam é, na verdade, aquilo que elas são? Aquilo que elas sentem? Não será o Homem um ser mutável, adaptável, hipócrita? Um ser capaz de representar para todo e qualquer público? Na minha opinião, sim. É completamente plausível que o ser humano seja capaz de esconder aquilo que sente, aquilo que pensa, verdadeiramente, perante todos. É completamente provável que todos sejamos capazes disso... De personificar algo que não somos. Adaptar-mo-nos a todos aqueles que nos circundam, sendo aquilo que eles querem que nós sejamos. Ou que, pelo menos, estejamos bem inseridos numa vivência comum, onde passamos despercebidos porque, na realidade, somos todos iguais. Somos completamente capazes de estar contentes, de estar com um sorriso na cara, de estarmos rodeados de pessoas e de nos sentirmos profundamente tristes, a chorar por dentro, com...

O Sentimento Sem Nome

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Não ter ou não encontrar palavras para definir aquilo que sentimos deixa-nos incapacitados. Queremos explicar, nem que seja para nós próprios, os sentimentos que experienciamos, mas, o turbilhão é tão grande que nos deixa o coração e a cabeça embrulhados. Tão embrulhados como um papel que amachucamos para deitar ao lixo: nós tirámos-lhe a vida e, agora, só nos queremos desfazer dele, porque o papel se tornou completamente inútil. Mas a inutilidade não é um sentimento. É uma condição.  Seremos inúteis? Não servimos para nada? Somos isso ou pensamos que somos isso?  Mas, voltando à inquietação inicial, qual o sentimento que nos deixa esta sensação de sermos inúteis, vazios... De nada termos. A certeza de que não temos nada a que nos agarrar ou algo que nos faça agarrar. Que nos faça querer ficar, bem presos, porque ali está algo ou alguém que depende de nós, no sentido de depender de nós para também ele se sentir completo e completamente em harmonia. O amor... Sempre ...

Há Vida para Além do Estrela?

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Um ano. Muitas ponderações. Uma tomada de decisão. Quando, em Janeiro deste ano, decidi iniciar este projecto estava longe de pensar naquilo que este se viria a tornar. Estava longe de pensar o caminho que este iria percorrer. Estava longe de pensar qual seria o seu resultado final. A ideia inicial era simples: fazer uma reportagem alargada sobre o Estrela da Amadora. Afinal de contas, o clube faria 85 anos, em 2017, caso ainda existisse. Planeava falar apenas com três ou quatro pessoas, que me pudessem contar a história do clube e testemunhar a final da taça de Portugal em 90, por exemplo.  Mesmo para realizar uma simples reportagem, era preciso ter alguma base histórica. Quando comecei a ler e a falar com algumas pessoas, senti aquele entusiasmo que nos faz sonhar. Mas sabia que tinha de ter calma e paciência até porque o tempo que dispunha não era muito... tempo para o trabalho e para fazer o trabalho.  Apesar de tudo isso, considerei que podia...

A Mínima Função de Viver

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Sentada no canto da sala, ela pensava que ali se podia proteger. Proteger-se de tudo aquilo que estava à sua volta, da sua realidade, das pessoas, mas, acima de tudo, proteger-se de si própria. Ela não tinha pedido nada daquilo. Ela não tinha pedido envolver-se em nada daquilo.  Ela não tinha feito nada para que isso acontecesse... Ela não se tinha forçado a ouvir aquela voz. Simplesmente, aconteceu, sem nenhuma causa ou plano prévio. Porém, agora, ali estava ela, sentada no chão, a rezar para não ceder. Para não ceder ao impulso de lhe falar novamente. Para não ceder ao impulso que a levasse a ouvir aquela voz. Essa luta contra os seus impulsos tinha-se tornado na sua batalha diária. Ela sabia que eram mais as vezes que perdia do que ganhava... Mas ela gostava tanto de ouvir a tal voz... Aquela voz forte, descontraída e confiante. Aquela voz que a fazia acreditar que estava numa outra vida, que era possível almejar uma outra vida. Quando cedia a esses impulsos,...