O Sentimento Sem Nome

Não ter ou não encontrar palavras para definir aquilo que sentimos deixa-nos incapacitados. Queremos explicar, nem que seja para nós próprios, os sentimentos que experienciamos, mas, o turbilhão é tão grande que nos deixa o coração e a cabeça embrulhados. Tão embrulhados como um papel que amachucamos para deitar ao lixo: nós tirámos-lhe a vida e, agora, só nos queremos desfazer dele, porque o papel se tornou completamente inútil.

Mas a inutilidade não é um sentimento. É uma condição. 
Seremos inúteis? Não servimos para nada? Somos isso ou pensamos que somos isso? 

Mas, voltando à inquietação inicial, qual o sentimento que nos deixa esta sensação de sermos inúteis, vazios... De nada termos. A certeza de que não temos nada a que nos agarrar ou algo que nos faça agarrar. Que nos faça querer ficar, bem presos, porque ali está algo ou alguém que depende de nós, no sentido de depender de nós para também ele se sentir completo e completamente em harmonia. O amor... Sempre o amor. Se o ser humano não ama e não é amado ele será, incondicionalmente, inútil? Incondicionalmente, terá falta de algo.  

Porém, esse falta de algo tem que ver com aquilo que possuímos ou não. Não com um sentimento.

Terá este vazio solitário, inútil e despojado, um sentimento único, ao qual ainda não foi atribuído um nome?

É que não se consegue explicar o que é. Não se consegue chegar ao seu sentido, à sua essência. Se não se consegue chegar à sua essência, ao seu mais profundo sentido, então não teremos forma de o superar. É como uma doença: se não a dominamos por completo, se não a estudarmos por completo, se não descortinamos as suas causas, então como poderemos descobrir a forma de a curar?

Como posso descobrir a forma de curar essa condição desconcertante de tudo ser escorregadio... De nada ter lógica. De apenas viver porque o coração bate, porque nos alimentamos, porque cumprimos com os requisitos básicos da vida humana...

Cumprir com os requisitos básicos da vida humana é viver?
E se morrermos sem nunca termos vivido algo mais da vida? Ou haverá forma de a voltar a viver? 
Ou teremos à nossa espera o descanso e harmonia que nos tem faltado em vida? 

A ansiedade de saber se vamos viver, para sempre, desta forma, irá desaparecer?

Este sentimento terá, finamente, um nome? Alguma vez, iremos descobrir a sua cura?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Posso dizer-te que Gosto de Ti?

A Dúvida da Certeza

Fura Vidas - Preciso de um Joca na Minha Vida