A Infelicidade nos Bons Actos

Ontem de manhã ouvi algo curioso: as pessoas que fazem coisas boas estão a caminho da felicidade. Será assim?
Só aqueles que têm o tesouro da felicidade conseguem pensar no outro? Conseguem olhar o outro e ajudá-lo?

Penso que não.

Acredito, sim!, que as pessoas felizes têm actos de amor e de solidariedade para com o outro. Isso sim. Ninguém pode ser feliz e querer o mal de quem quer que seja. Ninguém pode ser feliz a prejudicar quem está ao seu lado. 
Quem deseja ou pratica más acções que originam dor e sofrimento ao outro não pode estar bem consigo mesmo. Nos dias de hoje, a desesperança impera. Todos sabemos disso. Encontram-se no ressentimento, na amargura e no sofrimento os motivos para atacar quem nos está próximo. O que é mau, gera ainda pior. 
Os actos de malvadez e sem escrúpulos apenas podem ser justificados pelo "ressabiamento" de quem o faz. Quem é "ressabiado" não consegue ser feliz. Quem é egoísta, não é capaz de ser feliz. Quem está vazio de bondade, não tem aquilo que é necessário para experimentar a felicidade.

Mas, voltando à pergunta inicial: mantenho a minha opinião. Não. Também os infelizes podem praticar actos de bondade. Se, por um lado, quem pratica más acções não é feliz, por outro lado, quem pratica os bons actos pode ser infeliz. Em suma, a infelicidade pode não ser impeditiva de amar o próximo, mas é, obrigatoriamente, a explicação para que queiramos que o outro sofra.

Vejamos, a felicidade depende de pessoa para pessoa, é verdade. Mas todos concordamos que a felicidade é um sentimento pleno, onde a realização pessoal e onde o amor é o seu centro (amar e sermos amados). 
A infelicidade é o seu oposto: a tristeza impera no mais pequeno recanto do nosso ser. O desânimo, o desalento, o sentimento de inferioridade, a frustração e o sofrimento que a infelicidade causa impera. No entanto, por eu estar triste, pensando que cheguei ao fim, que a vida nada mais me pode trazer, vai levar-me a querer o mal dos outros seres humanos? 
Vai levar-me a ser egoísta? 

É aqui que reside a nossa decisão: podemos dizer sim, que queremos que todos os outros sofram como nós estamos a sofrer (aqui está o egoísmo) ou, tomamos uma atitude diferente e fazemos tudo o que está ao nosso alcance para que os outros não experimentem essa dor de ser infeliz.

Está nas nossas mãos decidir que a bondade permaneça na nossa infelicidade. Porque, na verdade, bem dentro de nós, sabemos que ninguém merece essa infelicidade. Tendo isso como certeza faremos de tudo para que quem nos rodeia trace esse seu caminho para ser feliz.


Comentários

  1. Achei muito filosófico! Poderia ser um excerto de uma dissertação sobre (in)felicidade...

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    1. Foi um pouco... Por acaso quando reli o texto pensei nisso: muita filosofia ;)

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