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O Sentimento de Não Pertença

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A sensação de que não pertencemos a lado algum é estranha. É estranha, porque é suposto sabermos qual o nosso lugar. Onde nós nos sentimos bem, onde queremos ficar, de onde não queremos partir e onde queremos regressar.  Se, por alguma razão, não temos esse sentimento de pertença é como se estivéssemos incompletos. É certo que essa pertença pode ser a um lugar físico, ou a alguém. Agora se não temos nem um nem outro, como nos podemos sentir completos?  Isso parece-me impossível.  Também é verdade que existem pessoas que não se sentem bem fixadas em qualquer lugar ou a acompanhar alguém, mas desconfio que, pelo menos, sabem onde querem regressar ao fim de algum tempo. No entanto, se também elas não têm onde regressar elas são também incompletas. Ninguém anda pelo mundo ou pelas pessoas de forma contínua e sem parar se tiver esse sentimento de pertença. Existe sempre um momento onde paramos, sentimos vontade de voltar ao nosso "porto de abrigo" para depois contin...

Lembras-te de como era quando estávamos os dois?

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- Lembras-te de como era quando estávamos os dois? Atirei-lhe a pergunta meio sem saber porquê. Aqueles tempos em que apenas nos juntávamos para sentirmos a presença um do outro. Nada precisava de ser dito e eu sentia uma saudade enorme desses tempos. Dos tempos em que nada temos de justificar. Dos tempos em que éramos livres para fazer aquilo que bem quiséssemos. Aqueles tempos em que éramos só nos os dois, sem perguntas, aborrecimentos e pressões. - É claro que me lembro. Éramos felizes nessa altura, Assim. De forma simples e carinhosa ele dizia-me que se lembrava. Que bom... Havia momentos em que pensava que o bem-estar que sentia ao recordar aqueles tempos felizes era só meu. Nunca mais nos tínhamos encontrado como antes. Por isso, pensava que a felicidade das nossas reuniões era só minha. Porém, a firmeza da sua voz dizia-me o contrário. Tal como eu ele sabia do que é que eu estava a falar. - Sim. Éramos. Achas que não podemos voltar aquele sítio? Estarmos à beira mar...

O Mundo de Mariana

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Mariana estava cansada. Mais um dia a servir um bando de clientes, a maior parte deles arrogantes e mal dispostos. O trabalho de serviço de mesa era cansativo, principalmente num dos restaurantes da cidade que estava mais na moda. As horas das refeições eram caóticas! Braços no ar, vozes de todos os lados, um sem fim de ordens às quais tinha de obedecer.  Todos os dias a rotina era igual. Cumpria sempre o seu horário. Chegava a horas, colocava o avental da casa, arrumava o que tinha de arrumar e fazia os recados que lhe pediam. Tudo até chegar à hora de almoço. Era só ter a bandeja debaixo do braço e depois começar a falar com as pessoas. Tudo igual em todos os dias. Com os seus 20 e poucos anos, Mariana tinha como certo o que lhe iria acontecer daí por diante. Há muito que não sabia qual era o seu lugar. A sua casa, sentia como se não fosse sua, mas não tinha meios para conseguir ter uma para si. O trabalho no restaurante dava para as suas coisas e tentava poupar o...

Sabes uma coisa?

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Hoje senti a tua falta. Senti tanto a tua falta!  Falta do teu sorriso, da tua mão protectora, do teu carinho, da tua boa disposição. Sabes, durante muito tempo acreditei que era capaz de suportar tudo. Todas as desilusões, todas as minhas tristezas. Todos os meus infortúnios...  Eu juro que acreditei que eu ia ser capaz.  Mas tenho vindo a descobrir que não consigo. Tudo o que mais quero é conseguir conformar-me com aquilo que tenho, aceitar isso, seguir em frente e endurecer o coração. Mas não sou capaz! Sabes uma coisa? Acho que era mais fácil se não tivesse nada. Se o meu coração fosse uma pedra, pois esta tristeza que trago dentro de mim, é uma tristeza aguda, que fere, que magoa... Gostava tanto de te ter aqui. Não precisávamos de falar sequer. Podia só ter-te ao meu lado, nem que fosse para poder colocar a minha cabeça no teu ombro. E descansar... Descansar verdadeiramente. Como eu gostava de me poder apoiar em ti. Era o que mais desejo neste mome...

Nesta Páscoa "Have a Talk With God" ou.... Nem por isso. Mas Faz Alguma Coisa!

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A palavra "Páscoa" significa "passagem". Para aqueles que acreditam este é o dia em que Cristo ressuscitou, passou da morte à vida. Para aqueles que pensam que acreditam esta é a única ocasião do ano em que fazem questão em ir a uma missa ou em estar com os familiares, pois é mais uma oportunidade para comer e beber à grande e passar uns diazitos de férias e ir até ao Algarve. Para a maioria daqueles que não acreditam este é um dia igual aos outros. Para mim, que sou daquelas que acredita, esta é sobretudo uma época de reflexão. Pensar naquilo que somos, naquilo que andamos aqui a fazer, na nossa forma de encarar a vida, as suas coisas boas, mas também as suas coisas más. São, de facto, muitas coisas para reflectir, mas é necessário. Não escondo que é preciso ser forte para que essas reflexões não nos deixem mais tristes, a querer esconder-mo-nos em nossa casa, enfiar-mo-nos debaixo dos cobertores e ficar assim, sem falar com ninguém, nem fazer nada. É duro po...

A Imunidade do Egoísmo

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Vivemos num mundo onde não nos conhecemos. Por mais tempo que passemos com as pessoas elas continuam sem nos conhecer. Sem saber daquilo que gostamos, sem saber aquilo que odiamos, sem saber o que nos faz bem, sem saber o que nos faz mal. No nosso quotidiano temos muito a ideia de que os outros quando nos fazem alguma coisa que nos magoa, que o fazem de propósito. No entanto, cada vez mais creio que não é assim, à excepção, é claro, de quando falamos de vingança deliberada. É frequente dar-me conta de que as pessoas não estão "nem aí", como dizem os brasileiros, para as suas acções. Nem sequer estão a maquinar determinado movimento porque sabem que aquela pessoa vai ficar arrasada. Não. Nada disso. Elas não querem sequer saber o que é isso. Vejamos. Vivendo num mundo onde cada vez mais as pessoas são egoístas, aquilo que acontece, é que só olham para elas próprias. Se é assim, elas nem sequer conseguem levantar a cabeça para ver o que está à sua volta, ou melhor, q...

Se Pudéssemos Tomar o Sofrimento do Outro

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Já é de noite. As luzes que iluminam a rua não me conseguem distrair dos meus pensamentos. À minha frente vai uma mulher apressada que, mesmo quase a tropeçar em si mesma, não pára de cantar numa voz bastante audível. Pode parecer demasiado estranho uma pessoa andar no meio da rua a cantar, mas isso não me choca. Para dizer a verdade, pouco me pode chocar com o pensamento que me assola a mente: "Conseguiria trocar a minha vida por alguém que sofre, mas que acima de tudo eu amo"...  Não vou entrar aqui naquelas considerações lamechas que todos os dias podemos ver nas novelas foleiras que passam na televisão, naqueles filmes e séries norte-americanas que nos fazem chorar de forma meio patética. Quero falar disto com objectividade.  Seriamos mesmo capazes de nos despojarmos daquilo que somos e tomarmos para nós mesmos o sofrimento de alguém que temos no nosso coração? Num abrir e fechar de olhos teríamos a capacidade de deixar de lado aquilo que somos, aquilo que quer...