Encarar a Verdade e Lidar com Ela
É difícil sermos rejeitados. Principalmente, quando percebemos que há outras pessoas que assumem uma maior importância para alguém de quem gostamos. Não no sentido de ciúmes, mas sim de rejeição. Levamos a nossa vida porque temos um grande amigo. Fazemos tudo por ele e há alturas em que sentimos que também ele faz tudo por nós. Quando, por alguma razão, damos a entender que terá de escolher entre nós e alguém que julgamos pior que lixo e esse nosso amigo aceita ficar com esse lixo, sem apresentar nenhum argumento contra, isso magoa. Ou melhor, deixa-nos tristes. A mim deixa-me simplesmente muito triste. Não é desilusão, é mesmo tristeza.
Hoje posso dizer, com toda a certeza, que estou triste.
Gosto demasiado da pessoa para ficar zangada com ela. Não estou e, do fundo do coração, apenas desejo que seja feliz. Mas perceber, finalmente, que não assumo a importância, que julgava adquirida, na vida dessa pessoa, deixa-me triste.
Com lágrimas nos olhos. Mas aí sou forte. Perante a rejeição mantenho a postura. No entanto, a partir do momento em que deixo de estar com esse amigo, as lágrimas correm-me, sem fazer grande esforço. Porque quando a tristeza vem de dentro, de forma sincera, não é preciso fazer qualquer esforço para chorar. As lágrimas, de forma singela, cobrem o nosso rosto.
Continuo a ter imensas saudades da minha inocência. Quando não percebia tudo aquilo que estava à minha volta. Pelo menos agora não estaria cheia de tristeza, mas sim preenchida por uma alegria trazida pela ignorância. Com toda a franqueza não sei o que é melhor.
Sei que tenho de perceber qual o meu papel na vida desse amigo. Sei que há pessoas mais importantes do que outras na nossa vida. E eu hoje percebi, finalmente, o que é isso. Podem dizer-me que esse amigo sabe separar muito bem as amizades doutros campos da vida. Se fui rejeitada então é porque não sou grande coisa como amiga, nem noutras esferas da sua vida. E só o tenho de aceitar. Mas custa. Porque percebemos que essa pessoa tem um papel preponderante na nossa vida, mas nós não assumimos o mesmo papel na vida desse amigo. É duro.
Mais uma vez as coisas não são fáceis. Afinal de contas porque é que haveriam de ser? Para mim nunca foram. Mas estou muito cansada. Mesmo muito cansada de ter, constantemente, de me reerguer do fundo onde caí e enfrentar desafios. Mais uma vez, confesso que estou mesmo muito cansada.
A única opção é prosseguir sozinha. Levantar do fundo onde voltei a cair e tentar vir à tona. Mas estou imensamente cansada. A rejeição é um golpe do qual nunca se está à espera. Agora só consigo ter forças para me levantar de manhã e tentar passar o dia da melhor forma com esses grandes amigos. Pelo menos são "grandes" para mim. Portanto, vou aproveitar os bons momentos que restam até nos afastarmos. Tentar ajudá-los o mais possível, para que depois eles possam caminhar junto daqueles que querem ter a seu lado. E, sobretudo, serem felizes. É certo que pensei que podia fazer parte dessa felicidade, mas visto que isso não vai acontecer, apenas me pode consolar o facto de ter feito de tudo para que eles conseguissem realizar sonhos e cumprir objectivos.
E, como sempre, seguir em frente na minha solidão, com a consciência tranquila. E, depois, reergue-me. Mas, mais uma vez, confesso, que estou extremamente cansada de lutar para seguir em frente. Por isso, vou deixar-me ficar e aceitar essa minha missão. A missão de ajudar quem gosto a ser feliz.
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Nota: Este relato, apesar de ser ficcional, é baseado numa história real.
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