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Volta

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Volta. Prometo que se voltares, Nada te direi. Perdida nestes tristes ares, Apenas de esperarei. Nestes tristes ares, Como as ruas escuras, Longe dos teus mares, Vazios das tuas loucuras. Volta. Prometo que não te questionarei, Mesmo que queira saber por onde andaste. Prometo que não te incomodarei, Mesmo que queira saber porque tanto te demoraste. Apenas te irei acomodar No meu abraço E a tua cabeça segurar No meu regaço. Volta. A saudade que teima em não me deixar Mostra-me que tu aqui continuas, Tal como uma pequena lufada de ar A desejar que me iludas. Engana-me como daquela vez, Onde me fizeste acreditar que tudo valia a pena Onde te vivi com avidez Onde eu vivi de forma plena. Volta. Sou egoísta, bem sei que melhor estás sem mim Vejo-te a voar, nunca sozinho E é bom olhar-te assim A andar firme no teu caminho. Mas, Acredita em mim, por favor! Não existe rancor. Amar-te-ei com o mesmo fervor Com que o meu peito hoje se enche de dor. -- Imagem: "Amor e Ódio" de Edvard Mu...

A Fuga à Minha Sina

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Da pequena janela vejo aquilo que é a vida normal. Pessoas que chegam, pessoas que partem, pessoas que se abraçam, pessoas sozinhas que olham para o horizonte, como se isso lhes permitissem chegar mais rápido a onde é suposto.  Hoje tive saudades tuas. Ui. Sim, tive mesmo saudades tuas. Daquelas que nos apertam o coração e que nos fazem descer da nossa habitual pálida e gélida postura. Hoje tive mesmo saudades tuas. É avassalador dar-me conta disso. De sentir saudades tuas. Pela primeira vez, em tanto tempo, percebo como sinto falta daquilo que me davas: desse entusiasmo, por vezes assoberbado, mas que me dava a sensação de ter a vida nas minhas mãos. Também tenho saudades de me sentir assim, mas essas saudades já eu tinha descoberto há algum tempo.  Agora, estas saudades de ti... foi hoje. Sem nenhum motivo aparente, que me fizesse lembrar-te eu senti tanto a tua falta. Senti falta de ouvir a tua voz. A tua voz que me surpreendia sempre, nunca esperava que a fosse ouvir novam...

Fatalidade

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Vim dizer que te amo. Sim, admito. Eu amo-te. Demorei todo este tempo para aceitá-lo porque me pareceu tão impossível, sabes? Como é que te poderia amar? A ti, que me roubaste a vida e a levaste contigo, mesmo sem o saberes? É precisamente por me teres despojado do pouco que eu tinha em mim que eu sei... Agora, eu sei, que te amo. Não lerás estas linhas. Deus... Por onde andarás nessa tua vida da qual já não faço parte, ou melhor, da qual eu nunca fiz parte? Seguro do teu futuro, cheio de responsabilidades, mas a sorrir, não é? Imagino-te sempre a sorrir. Mesmo que as últimas palavras que tenhamos trocado tenham sido tão dolorosas, assim que fecho os olhos e te vejo estás sempre a sorrir. E é bom, é apaziguador. Aquele primeiro segundo na minha imaginação apazigua tudo. Tal como quando nos encontrámos. Foi tudo um bonito sonho, creio que até já o escrevi aqui. Estou a repetir-me. Mas, esse meu sonho foi tão bonito e tão estonteante que eu agarrei-me a ele com unhas e dentes, com a cren...

Enganar o Tempo

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Penso se a vida não será obra do acaso. Ou melhor se a felicidade não será obra do acaso ou da sorte. Sim. Talvez seja da sorte. A felicidade é obra da sorte. É preciso alguma sorte para se ser feliz, não é assim? Como ficam aqueles que não têm sorte? A vida é um rio com curso certo, com perdas e com ganhos, sempre numa linha reta. Se alguma vez o rio transbordar isso é um acaso. Sem razão aparente e sem qualquer tipo de boa consequência. É apenas um acontecimento esporádico e que nada significa. Depois de transbordar, a vida volta ao seu caminho regular sempre e tristemente monocórdico. É claro que quando se dá conta desta vida sempre certeira, onde invariavelmente seguimos pelas paragens sempre certas, assoberbados para poder fazer alguma coisa ou ter alguma coisa, é como se nos dessem uma pancada na cabeça, que fica a ressoar e a ressoar. E esperamos que o tempo passe. Que o tempo passe e que nos ajude a amenizar e a aceitar o que é certo. Mas, a nossa relação com o tempo é sempre t...

Tudo Foi Um Belo Sonho

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Foi tudo um belo sonho. Tal como quando o nosso inconsciente brinca com imagens díspares, sem sentido e, surpreendentemente, cria imagens e sequências que nos contam uma história. Com pessoas que conhecemos ou não. Com narrativas que fazem sentido ou não. Com coisas boas... Afinal, aprendi que os sonhos também acontecem na realidade. São acontecimentos que nos transportam para uma qualquer vida alternativa em que podemos ser quem queremos ser. Com quem queremos ser. A fazer o que queremos fazer. Sem barreiras nem pudor. Sempre gostei de sonhar, muito embora sempre tenha sonhado pouco. Falo do sonho do inconsciente. Sempre sonhei pouco, mas, quando sonhava, quase sempre acordava a sorrir. Fossem histórias estapafúrdias ou não, gostava que o meu inconsciente me levasse a viajar por outros caminhos, como se daquela forma, durante a noite, eu tivesse andado por um outro local qualquer. Eu também gostei de sonhar com a minha consciência bem alerta. Foi diferente. Foi tão diferente que, só a...

Podias ter-me dito, sabes?

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Podias ter-me dito, sabes? Seria tão mais fácil se mo tivesses dito. Se me tivesses explicado o porquê de me arrancares de ti, assim, sem dó nem piedade. Pensaste que eu não o poderia compreender? Como?! Como podias pensar isso? Julguei que te tinha demonstrado de todas as vezes que me acolheste que, também eu, te acolhia no meu abraço e no meu corpo.  Fui eu, apenas e só eu, que sentiu isso? Só eu é que senti essa partilha sincera e sem refúgios, não foi? Era uma partilha pura onde eu tinha a certeza de que iria compreender tudo aquilo que me quisesses dizer. Até com o teu silêncio... Até com o teu silêncio eu conseguia ouvir-te, sabias? Mesmo quando nada me dizias, por dias, semanas, meses, eu conseguia compreender o que me estavas a dizer, como se uma qualquer força sobrenatural me tivesse dado um qualquer poder para compreender todos os teus sinais, mínimos e microscópicos sinais. Chegados aqui, parece que afinal este super poder nunca existiu, não é assim? Se tivesse existido ...

Vil Esperança

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Amar o impossível é inútil? Talvez seja inútil porque daí não se retira nada. Não há uma qualquer consequência desse sentimento unilateral, sentido por apenas uma pessoa, sem retorno, sem realidade. No fundo, é como amar na nossa imaginação. Não há forma de nada se tornar palpável. Às vezes, penso se te amo. Até hoje, não o consigo saber. Amar-te-ei de forma contínua, inteira e abnegada? Custa-me a acreditar que sim, mas... Talvez sim. Talvez te ame, pregada nesta cama que anseia por ti. Como estiveste daquela vez, lembras-te? Daquela única vez, mesmo antes de me esqueceres. Agora que escrevo isto, vêm-me sempre à mente as imagens que eu tento sempre apagar, renegar, pisar. Coloco-as lá no fundo, empurro-as ainda mais para baixo, com os dois pés, para que elas possam ficar escondidas no meu inconsciente e não saltem cá para fora e eu continue a vê-las. Não! É tão mais doloroso quando assim é. Quando te recordo antes da inevitável despedida, começa por ser bom, mas depois a certeza de q...