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Enganar o Tempo

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Penso se a vida não será obra do acaso. Ou melhor se a felicidade não será obra do acaso ou da sorte. Sim. Talvez seja da sorte. A felicidade é obra da sorte. É preciso alguma sorte para se ser feliz, não é assim? Como ficam aqueles que não têm sorte? A vida é um rio com curso certo, com perdas e com ganhos, sempre numa linha reta. Se alguma vez o rio transbordar isso é um acaso. Sem razão aparente e sem qualquer tipo de boa consequência. É apenas um acontecimento esporádico e que nada significa. Depois de transbordar, a vida volta ao seu caminho regular sempre e tristemente monocórdico. É claro que quando se dá conta desta vida sempre certeira, onde invariavelmente seguimos pelas paragens sempre certas, assoberbados para poder fazer alguma coisa ou ter alguma coisa, é como se nos dessem uma pancada na cabeça, que fica a ressoar e a ressoar. E esperamos que o tempo passe. Que o tempo passe e que nos ajude a amenizar e a aceitar o que é certo. Mas, a nossa relação com o tempo é sempre t...

Tudo Foi Um Belo Sonho

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Foi tudo um belo sonho. Tal como quando o nosso inconsciente brinca com imagens díspares, sem sentido e, surpreendentemente, cria imagens e sequências que nos contam uma história. Com pessoas que conhecemos ou não. Com narrativas que fazem sentido ou não. Com coisas boas... Afinal, aprendi que os sonhos também acontecem na realidade. São acontecimentos que nos transportam para uma qualquer vida alternativa em que podemos ser quem queremos ser. Com quem queremos ser. A fazer o que queremos fazer. Sem barreiras nem pudor. Sempre gostei de sonhar, muito embora sempre tenha sonhado pouco. Falo do sonho do inconsciente. Sempre sonhei pouco, mas, quando sonhava, quase sempre acordava a sorrir. Fossem histórias estapafúrdias ou não, gostava que o meu inconsciente me levasse a viajar por outros caminhos, como se daquela forma, durante a noite, eu tivesse andado por um outro local qualquer. Eu também gostei de sonhar com a minha consciência bem alerta. Foi diferente. Foi tão diferente que, só a...

Podias ter-me dito, sabes?

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Podias ter-me dito, sabes? Seria tão mais fácil se mo tivesses dito. Se me tivesses explicado o porquê de me arrancares de ti, assim, sem dó nem piedade. Pensaste que eu não o poderia compreender? Como?! Como podias pensar isso? Julguei que te tinha demonstrado de todas as vezes que me acolheste que, também eu, te acolhia no meu abraço e no meu corpo.  Fui eu, apenas e só eu, que sentiu isso? Só eu é que senti essa partilha sincera e sem refúgios, não foi? Era uma partilha pura onde eu tinha a certeza de que iria compreender tudo aquilo que me quisesses dizer. Até com o teu silêncio... Até com o teu silêncio eu conseguia ouvir-te, sabias? Mesmo quando nada me dizias, por dias, semanas, meses, eu conseguia compreender o que me estavas a dizer, como se uma qualquer força sobrenatural me tivesse dado um qualquer poder para compreender todos os teus sinais, mínimos e microscópicos sinais. Chegados aqui, parece que afinal este super poder nunca existiu, não é assim? Se tivesse existido ...

Vil Esperança

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Amar o impossível é inútil? Talvez seja inútil porque daí não se retira nada. Não há uma qualquer consequência desse sentimento unilateral, sentido por apenas uma pessoa, sem retorno, sem realidade. No fundo, é como amar na nossa imaginação. Não há forma de nada se tornar palpável. Às vezes, penso se te amo. Até hoje, não o consigo saber. Amar-te-ei de forma contínua, inteira e abnegada? Custa-me a acreditar que sim, mas... Talvez sim. Talvez te ame, pregada nesta cama que anseia por ti. Como estiveste daquela vez, lembras-te? Daquela única vez, mesmo antes de me esqueceres. Agora que escrevo isto, vêm-me sempre à mente as imagens que eu tento sempre apagar, renegar, pisar. Coloco-as lá no fundo, empurro-as ainda mais para baixo, com os dois pés, para que elas possam ficar escondidas no meu inconsciente e não saltem cá para fora e eu continue a vê-las. Não! É tão mais doloroso quando assim é. Quando te recordo antes da inevitável despedida, começa por ser bom, mas depois a certeza de q...

Quando me Visitas nos Meus Sonhos

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Hoje vi-te nos meus sonhos. Gosto de pensar que me vieste visitar nos meus sonhos. Será que também te visitei nos teus? Não sei. Às vezes, é apaziguador pensar que sim.  Eu via-te não nitidamente, sabes? Assim como se fosses real, conseguia mesmo decifrar todos os traços do teu rosto, sentir o teu cabelo nas minhas mãos, perder-me na profundeza do teu olhar. Quando te vi nos meus sonhos foi tão natural... Foi como se fosse a coisa mais normal do mundo, ter-te ali, à minha frente, poder admirar a tua postura e seguir todas as tuas expressões na esperança de me embalares em mais um dos teus sorrisos. Como foi bom que me tivesses vindo visitar. Normalmente, ninguém me visita nos meus sonhos. Normalmente, nem o meu inconsciente se digna a manifestar a sua presença. Não sonho. Ou, pelo menos, não me lembro do que sonho. Dizem que sonhamos sempre, mas que nem sempre nos lembramos. Penso que... Dou por mim a pensar se... Será que me mesmo não me lembrando eu costumo sonhar contigo? Será q...

Carta ao Final da Noite

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De todo o meu coração que gostava de te ver. Acredita que é verdade. Gostava tanto de te ver. Eu poderia ficar escondida, atrás de um cortina qualquer, numa sala qualquer, em qualquer sítio do mundo. E ficar-te-ia a ver, assim, ao de longe, escondida. Como sempre estive: escondida. Creio que a única vez em que não estive escondida foi quando me viste. Está descansado, eu agora sei que não me viste por descortinares em mim algo de peculiar, que te despertou a atenção ou atraiu. Eu sei que não, está descansado. Bem sei que me olhaste como se tivesses olhado uma outra mulher qualquer. Eu sei que não tenho nada de único que faça alguém olhar. De qualquer das formas, e mesmo para ti não sendo nada de especial, e sabendo que me olhaste como se estivesses a ver uma qualquer outra coisa útil, de que precisavas naquele momento, ainda assim, quando me viste foi a única vez em que deixei de estar escondida. E, depois... Tudo o resto. Esses foram os únicos momentos em que não me escondi. Tudo o qu...

Carta ao Final do Dia

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Hoje queria dizer-te que fiz uma coisa boa. Ajudei alguém e sei que ele está melhor agora. Está feliz. É boa esta sensação com que se fica depois de ajudarmos alguém, não é? Gostava muito de poder partilhá-la contigo e contar-te esta história. Tenho a certeza de que irias sorrir e irias dizer qualquer coisa do género: "só tu" . Eu ficaria ainda mais contante por poder partilhar contigo o resultado do meu gesto e sentiria que não podia estar mais centrada no meu presente. Sabes, hoje queria dizer-te que também me irritei. Irritei-me com a mentira, com o encobrimento da verdade, com a falsidade. Apesar da minha irritação, fui capaz de dizer a verdade, de a mostrar, de a mandar cá para fora. Fui capaz de a escarrapachar, sem medos. Apenas e só porque é aquilo que devo fazer, independentemente das suas consequências. Sei que ficarias preocupado e, talvez, a tua primeira reação fosse tentar fazer com que eu parasse de querer dizer a verdade. "Não vale a pena colocares-te em p...