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O Cair da Máscara

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Tento escrever, não consigo. Máscara... Onde andas tu? Preciso de ti desesperadamente para continuar a sobreviver. Para não falar com ninguém, para mentir, omitir, esquecer. Como te queria esquecer. Fechar os olhos e adormecer... num todo eterno. Não ter de tomar decisões, rir-me sempre. Ai! Como tenho saudades de me rir. De me juntar convosco. De parvoices. Como sinto falta das futilidades. De não pensar... Só quero isso: acordar e nada me lembrar. Sem tretas. Desconhecer preocupações, acreditar em ilusões. Não criar expectativas, sem nada programar. Voltar a ser criança. Ver os desenhos animados a manhã inteira, fazer um ditado e correr no recreio. Ir a casa da amiga, fazer os trabalhos de casa e brincar... brincar... brincar. Sem futuro e sem esperança. De que é que sou feita? De raiva daqueles que se autoproclamam. Dos que prometem e nada dão. Daqueles que comem da mão de quem trabalha todos os dias. Dos tristes que pedem, dos que nada fazem, dos mentirosos e ...

Por Breves Instantes

Por breves instantes damos um abraço, um beijo, uma lágrima, um aperto. Enquanto se bebe um copo, uma criança morre, uma criança nasce, um homem melhora e um homem piora. Por pequenos instantes somos felizes, e somos também infelizes. Sorrimos por pouco, choramos por muito. Queremos seguir em frente, fartos da nossa rotina. Mas também sentimos saudades, nostalgia dos bons momentos que vivemos nela. Por breves momentos sofremos, traímos, rejubilamos. O ser humano rege-se por planos. Planeamos o futuro com uma agenda, cada coisa em cada hora. Em breves segundos alteramos encontros, desmarcamos trabalho. Sabemos o que está certo ou depressa descobrimos que afinal errámos. Em breves instantes o que conhecemos, o que planeamos, o que sonhamos deixa de fazer sentido. Arrepende-mo-nos das nossas decisões, desejando voltar atrás no tempo. Por breves minutos conhecemos alguém, mas deixamos de conhecer aqueles que já conhecíamos. Por breves instantes temos, mas também deixamos de ...

Entrevista a um hipotético jornalista

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Há pouco tempo decidi entrevistar um jornalista. Chama-se Luís e já tem vinte e cinco anos de profissão. Trabalhou em diversos jornais e conseguiu enveredar pelo jornalismo televisivo. Nunca se tinha visto a trabalhar atrás das câmaras, mas decidiu arriscar. Não é aquilo de que mais gosta de fazer e vive com o desejo de regressar aos tempos do jornais. Aos tempos em que existiam mais do que três jornais culturais e os suplementos sobre arte e música multiplicavam-se nos diários e semanários.  - Nos anos 80 e início dos anos 90 foram prósperos em publicações jornalísticas. Sente falta desses tempos? Desejo todos os dias que o tempo volte atrás. Regressar à época da imprensa escrita e poder escolher em qual jornal gostava de trabalhar era o que mais gostava de fazer agora. Estar em televisão faz-nos conhecer pessoas estranhas. Para além disso, adorava voltar ao jornalismo cultural, aquele que não estava entregue a uma elite. - Mas acredita que actualmente o jornalismo cul...

A ignorância é sagrada

Os cínicos, os hipócritas e os mentirosos enchem este mundo. Sai daqui, sarna nojenta que não me largas o pé. Esse teu nojo cobre-me dos pés à cabeça e eu não consigo afastar a minha repulsa daqueles que me comem os princípios. Aqueles que deitam a baixo aquela coisa à qual damos o nome de moral . Tenho nojo de todos vocês! Vomito. Inundo o chão daquilo que sou. São como lama que se agarra à minha roupa. Sinto o vosso odor na minha pele. Esse cheiro fétido que me preenche e do qual não me consigo livrar. A culpa é tua e só tua. Por tudo aquilo em que me fizeste acreditar. Por me teres manipulado tão subitamente, tão suavemente, tão carinhosamente. A ilusão e a mentira. Quero-as de volta. A ignorância é sagrada. É aquilo que nos faz sorrir. Desprezo. Tristeza. Horror. Medo. Saiam! Saiam daqui, seus porcos imundos que me perseguem! O que querem de mim? Que seja como vós... um animal amestrado. Uma máquina. Uma simples escrava dos vossos desejos. Não sinto nada. O que é...

Conversas com um hipotético Jornalista

"A redacção está cheia. Há papéis a voar sobre as cabeças de quem trabalha. Phones nos ouvidos de quem tenta descortinar uma palavra dita por um político numa grande entrevista. Olhos especados num computador, a caneta na mão escreve informações importantes sobre o desemprego em Portugal. Um grupo de três pessoas está descontraidamente a trocar dois dedos de conversa e a saborear um café a meio da tarde. O editor está ocupado a explicar aos estagiários como deve ser feito o trabalho. E mesmo no centro da sala, na sua secretária, ali está ele. Tira os óculos. Pousa-os na sua mesa, esfrega os olhos. Mantêm-os fechados durante segundos. Para ele pareceu-lhe uma eternidade. Sem pensar em nada. Volta a abri-los. Novamente a pergunta: "mas que título ponho eu a isto?!". A voz do editor chama-o à realidade. Um novo trabalho espera por ele. Sai de apressadamente, enfia-se no carro e vai até ao local da conferência. Ouve com atenção. Tenta ler o que está por detrás do qu...

Realidade Utópica

Vivo numa Utopia. Ou, pelo menos, vivia. Na minha utopia as pessoas ajudam-se umas às outras sem interesses. Dão o seu tempo sem pensar se vão receber algo em troca. Na minha utopia as pessoas são verdadeiras. Não querem passar por cima de ninguém e mostram aquilo que verdadeiramente são, seja em que altura for. Na minha utopia, que não está assim tão longe do que acontece, continuam a existir países em guerra, cidades destruídas, tráfico de droga, bairros sociais, pobreza, exclusão social, querelas entre vizinhos, discussões superficiais... Tudo isso existe. Mas, nesta utopia, aqueles que se declaram como os que querem mudar este cenário declaram-no de forma ponderada, pensada e, mais do que isso, é aquilo que eles realmente querem fazer. Sem servir interesses próprios, sem servir interesses alheios, sem servir os egos de quem os rodeia. Apenas o fazem porque é isso que todos nós devemos fazer: sem pensar no sucesso que teremos, na fama que vamos alcançar, no tempo dos media que...

João Pedro Almendra deixa os Peste & Sida

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Num comunicado enviado hoje à imprensa João Pedro Almendra afirma a sua saída de uma das bandas mais conhecidas do rock português. Embora só hoje esta decisão tenha sido comunicada, o agora ex-vocalista dos Peste & Sida, já tinha deixado a banda em Outubro deste ano. "Eu, João Pedro Almendra declaro que a partir de OUTUBRO de 2010 deixei de pertencer à banda  Peste & Sida ”", pode-se ler no comunicado. Almendra foi fundador da banda em conjunto com João San Payo. Acabou por sair da mesma no final dos anos 80 e em 2003 voltou a participar em alguns concertos do grupo apenas como convidado. Passados três anos ingressa definitivamente na banda, onde participa activamente, tendo editado o àlbum Cai No Real , em 2007 (o último trabalho de originais dos Peste & Sida). No ano passado, esteve em concertos um pouco por todo o país, com uma tour que celebrou os 20 anos do lançamento de "Veneno". Actualmente, os Peste & Sida e...