Aqui
Aqui.
Aqui no meio de todos eles.
Foi aqui onde sempre esperei por ti. Onde sempre esperei por estas mãos que agora seguram nas minhas. Onde sempre esperei que os teus dedos se entrelaçassem com os meus.
Foi aqui.
Foi precisamente aqui onde sempre sonhei com o teu abraço forte, que, agora, finalmente me escuda de tudo aquilo que sempre me magoou.
Sim. Foi aqui. Foi aqui onde sempre te imaginei... Exactamente, onde tu estás agora, agora a colocar as tuas mãos na minha face. Como elas são delicadas... Muito mais suaves do que alguma vez equacionei.
Tudo parece parar... Fecho os olhos e já não sinto aquela angústia que sempre me acompanhou. Aquela angústia da perspectiva de passar pela vida e não te encontrar. Aquela angústia de nunca me vires buscar... A angústia de estar só e morrer só.
São os teus lábios na minha face que me fazem abrir os olhos. Não. Não é nenhuma ilusão. Tu estás aqui. Tu tens a coragem suficiente para estar aqui.
Já não mando em mim. Num ápice estou abraço-tei, como se a minha vida dependesse disso. E, na verdade, ela depende disso. Eu dependo deste abraço. Dependo desta certeza de te ter aqui, encostado ao meu peito, como se fôssemos um só.
Tu vieste.
Tu não deixaste que outros fossem mais fortes.
Tu foste mais forte.
Tu foste mais forte por mim.
Por mim...
Por uma pessoa como eu que nada vale. Por uma pessoa como eu que nada é. Que nada acrescenta. Apenas o meu coração me distingue dos outros... De todos aqueles que estão à nossa volta... Mas ele está tão escondido. Ninguém o conhece. Ninguém sabe o que eu sinto verdadeiramente.
Só eu.
Pelo menos era só eu... Agora somos os dois. Terá sido esse meu coração que te fez ficar?
Apenas me pergunto, como foste capaz de o descobrir?
A tua mão no meu cabelo é como o raio de sol que ilumina o final de uma tarde quente de agosto. Sei que brincas com ele... Os teus dedos confundem-se com os fios do meu cabelo.
Sorrio.
Se soubesses como gosto de te sentir assim. Assim, desta forma leve e despercebida. Num gesto que para uns é tão comum, mas que para mim é o que me torna viva no meio de toda esta morte.
É o que me torna viva num mundo onde o ser humano descarta outro ser humano, sem sentimentos e esquecendo tudo o resto que viveram... Num mundo onde um ser humano não cumpre o que diz, sem se importar em ser verdadeiro quanto às suas palavras. Num mundo onde o ser humano esqueceu o que é ser leal... O valor da lealdade... Ou o valor do mérito. Ou o valor da confiança. Ou o valor do amor. Sim. Num mundo onde o Homem já não sabe o que é amor: verdadeira e plenamente. Sem resquícios de qualquer egoísmo ou prisão.
- Vamos?
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