Toma-me
Toma-me.
Toma-me nos teus braços e tem-me, assim completa e irracionalmente, como se conseguíssemos ser apenas dois corpos com vontade de se terem. Sem amarras nem responsabilidade. Sem ânsias nem arrependimentos.
Toma-me como se eu fosse o teu bem mais precioso, como se nada mais te importasse no mundo, pelo menos enquanto estivermos juntos naquilo que mais puro e físico conseguirmos.
Toma-me de forma pura e crua, como se apenas quiséssemos viver aquilo que o nosso corpo nos pede, não a cabeça nem o coração. Toma-me da maneira que o meu corpo me pede que tu tomes, porque só tu me podes tomar dessa forma.
Toma-me sem pudor, sem medo nem reservar, como se tivesses nascido para isso. Como se estivesses a cumprir um desígnio, como se estivesses a cumprir a missão para a qual nasceste.
Toma-me sem vergonha do que quer que seja, com toda a tua sinceridade de gestos, de presença, de crença.
Toma-me com honestidade. Assim, duramente, sem medo de te magoares, de me magoares, de magoares quem quer esteja à nossa volta. Sim. Toma-me de forma egoísta, só por um momento, só por um momento deixa-te conduzir pelos teus impulsos, por isso que te puxa para mim.
Sim. Vem e toma-me sem receares o que quer que seja. Mesmo que as minha boca diga que não, não lhe prestes atenção. É o medo... é o medo que toma conta de mim e que não me deixa ver que esta é apenas uma oportunidade de me fazeres sentir. De me fazeres voltar a sentir algo. Não tenhas medo, saberás ler-me.
Toma-me da mesma maneira que me lês. Com cuidado e saber como se me conhecesses desde sempre. Como se conseguíssemos estar juntos depois de termos estado assim numa outra vida. Toma-me da mesma maneira que me lês, palavra por palavra, gesto por gesto, sabor por sabor, saber por saber.
Toma-me de forma plena, sem barreiras nem muros. Como se fôssemos um só, parte integrante do nosso ser. Como se fosses parte de mim e eu tua, onde nos compreenderemos em cada olhar e em cada suspiro.
Toma-me com o teu cheiro. Com o teu simples cheiro que me deixa inebriada, extasiada, onde estou fora de mim mas onde só te quero em mim, rodeado pelos meus braços que te puxam para mim e onde os nossos olhares se encontram...
Sim. Toma-me com a mesma intensidade com que os teus olhos estão fixados em mim. Com a mesma intensidade com que te olho, querendo que me leias através do meu olhar. Consegues ver isso? Consegues decifrar o que te quero dizer pela forma como eu te olho? Diz-me que sim e toma-me sem me perguntares mais nada. Toma-me apenas da mesma forma como nos olhamos. Sem subterfúgios, nem esconderijos. Assim. De forma livre.
Toma-me livremente.
Toma-me. Toma-me sem demoras, da mesma maneira que as palavras saem da minha mente, transportadas pelos meus dedos para este papel. Toma-me da maneira que me estás a ler neste momento com esse meio sorriso e esses olhos sempre atentos.
Toma-me.
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