Como se lida com a morte?
A morte é sempre complicada.
É um acontecimento ao qual nunca aprendi a reagir (penso que poucos o sabem fazer).
É sempre desconfortável. Uma pessoa nunca sabe como se deve comportar ou o que dizer. E tudo ainda se torna mais complexo dependendo da importância de quem morre. Daquilo que significa para cada um de nós. Penso que esse é o factor determinante para aquilo que fazemos a seguir ao conhecimento dessa notícia. Nunca aprendi a lidar com esta sensação. Sinceramente, também não sei se isso é algo que se "aprende"...
Se quem morre é alguém muito próximo de nós, a dor da perda é inexplicável. A reacção imediata é o choro. Eu até acho que não pensamos em nada em concreto. As memórias vêm depois... Vêm com a saudade. Sentimos a falta dessa pessoa só com o passar do tempo. Aquilo que sentimos no momento em que ouvimos "o tal morreu" é como se nos dessem um murro no coração e nos partissem a cabeça ao meio. Mas sentir o vazio que se apodera de nós, para mim, é o pior sentimento do mundo. A partir daí nada faz sentido.
Se quem morre é um familiar ou amigo próximo de um grande amigo ou familiar nosso, aí temos uma grande necessidade em estar junto da pessoa de quem gostamos. De lhes mostrar que estamos com eles e que podem sempre contar connosco, seja para chorar, rir ou gritar. É esse um dos momentos em que a amizade se consegue manifestar na sua plenitude. Passamos noites sem dormir para estar com o nosso amigo ou familiar, passamos horas a pensar na vida, perdemos a noção do tempo, tentando arranjar formas de ajudar essa nossa amizade. Estamos sempre lá, como se fossemos uma pedra, que não consegue ser movida.
Se quem morre é alguém muito afastado de nós, consigamos lidar de uma outra forma com esse acontecimento. Mediante aquilo que a pessoa fez ao longo da sua vida podemos sentir compaixão, ou, na pior das hipóteses, um enorme desprezo. Dizer que "o não sei quantos morreu" passa a ser o mesmo do que uma empregada nos perguntar se queremos factura. Não significa absolutamente nada.

Escrevo este texto na tentativa de me ajudar a interiorizar uma notícia que recebi hoje e, concerteza, vou continuar a receber ao longo da minha vida. No entanto, este pequeno rascunho, de muito pouco me serviu.
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