O Medo Infernal do Vazio

Podemos pensar que a vida dura para sempre. Que estaremos sempre cá. Que vamos continuar a assistir à evolução do mundo, da sociedade, da humanidade. Que vamos acordar sempre no dia seguinte e preencher a nossa agenda com as mais variadas actividades. Vamos poder tomar café ou beber um copo com os nossos amigos. Que vamos sempre conhecer novas pessoas e reforçar os laços que temos com quem já conhecemos. Que vamos continuar a estar com a nossa família. Com aqueles que amamos. Podemos acreditar em todas estas coisas e viver assim. Com esse bem-estar. 

E, se de repente, nos apercebemos de que nada é assim? Se soubermos que podemos não viver para sempre, que podemos desaparecer, não estar sempre aqui. Que podemos deixar de dar aquele passeio que tanto gostamos, de visitar aquele museu que adoramos. Que podemos nunca mais partilhar um café com aquele nosso amigo. Não voltaremos a estar com quem amamos. E se realmente isso acontecer? 

Para mim é aterrador. É aterrador equacionar a hipótese de não voltar a estar com aquela pessoa que já faz parte de nós. Porque sempre esteve conosco, ao nosso lado. Aquela pessoa que é o ombro nos momentos tristes. Aquela com a qual partilhamos as nossas felicidades. Que sabe dizer que fizemos disparate, mas que nos aceita. Que nos apoia e não nos deixa cair perante as maiores dificuldades. E se a deixarmos de a ter? De a ter bem presente ao pé de nós... Se deixarmos de lhe podermos telefonar à hora que nós quisermos? O que vamos fazer nessa altura? O que sentimos nessa altura?

É um vazio. Se não tivermos essas pessoas ao nosso lado é um vazio que se instala. Estaremos à altura de enfrentar esse vazio? Vamos querer estar à altura desse desafio, de o aceitar? 

Temos medo. Medo de que estas conjecturas se tornem reais. O medo é o inferno que se apodera de nós.

São estes pensamentos que por uma ou outra razao me vêm à cabeça. E apenas trazem uma coisa imediata: insónias.

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