A Salganhada das Eleições Autárquicas

Sim. Leram bem o título deste texto. Está mesmo escrito "salganhada". Para quê ter medo das palavras se são elas que descrevem aquilo que temos à nossa frente? Pois bem. De facto, as eleições autárquicas deste ano, marcadas para 29 de Setembro, apresentam-se como uma verdadeira trapalhada. 

Todos nós já ouvimos falar da bendita Lei da Limitação de Mandatos. Todos nós já escutamos a diferença entre presidente DE câmara e presidente DA câmara. O que advém daí? Casos como Filipe Menezes, no Porto, e Fernando Seara, em Lisboa. Aqui está: municípios com candidatos que ainda não têm a certeza se o podem ser. Casos que inundam os jornais e as televisões.

O mais caricato é que ainda não está absolutamente esclarecida toda esta situação, já que os tribunais uns validam outros invalidam candidaturas. Por exemplo, Fernando Seara (após duas decisões contra do tribunal cível e da relação respectivamente) assim que percebeu qu
e o Tribunal Cível de Lisboa pela terceira vez afinal considerava válida a sua candidatura, o ainda presidente de Sintra foi a correr colocar os seus cartazes por toda a capital do país. Sentada a ver o telejornal e a forma como tudo isto se desenrola sinto-me como uma mera espectadora que, como muitos portugueses, espera o fim desta saga, que está nas mãos no Tribunal Constitucional (TC).

Agora das duas uma: ou eles podem candidatar-se e fica tudo como está, ou pelo contrário, as candidaturas são inviáveis. Então eu pergunto: o que vai suceder caso se verifique esta segunda situação?
Os partidos políticos vão arranjar outros candidatos em quinze dias?
Ou não vão acatar as ordens do tribunal e seguir com estes candidatos? 
E, se assim for, eles podem continuar, ou o seu nome nem aparece no boletim de voto e os partidos ficam sem candidato?

Pois é, são demasiadas questões que estão por responder a um mês e alguns dias das eleições autárquicas. 
Até dia 4 de Setembro o TC tem de decidir acerca das dezenas de candidaturas que estão "pendentes". 

Em que outro país duas simples letras (DE ou DA) poderiam pôr em causa umas eleições? No entanto, isso a mim não me choca. Gosto muito da língua portuguesa tal como
ela é e até consigo encontrar aqui alguma piada e ironia. O que me deixa mais surpreendida é a contínua postura do "deixa andar". Nós, portugueses, somos um pouco assim, o problema é que esta postura também é partilhada por aqueles que estão acima de nós: sejam agentes políticos ou judiciais. Deixemos andar. Alguma decisão há-de ser tomada. O povo que espere por conhecer aqueles em quem pode votar. Mesmo que as caras que aparecem nos cartazes e nos jornais não sejam aquelas que depois aparecem nos boletins de voto. Não interessa, alguma coisa se há-de arranjar. Mais cedo ou mais tarde. Os portugueses que continuem à espera e agora até calha bem: com o verão muitos estão de férias.

Na minha opinião, os direitos cívicos e à informação nunca deveriam estar de férias. Mas calma, esta é apenas a minha opinião... 

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