"Atulhanço" e "Falhanço"

Num dia como hoje penso porque temos a necessidade de nos atulhar.
Sim. É verdade. Passamos a vida a entulhar-nos.
De pensamentos sobre o que nos aconteceu, o que nos está acontecer e o que nos irá acontecer.
De tristezas connosco próprios e com os outros.
De problemas em casa, no trabalho.
De compromissos que nunca cumprimos.
De Desejos realizados, mas também os nunca realizados.
De sonhos que nunca virão a chegar a ser uma realidade.

Podia continuar com a lista. Mas fico-me por aqui. Cheguei onde queria. São eles que permanecem na minha mente.
Os sonhos.
Esses que imaginamos... Vezes sem conta. Que nos perseguem todo o dia. Basta pararmos um segundo para nos voltarmos a concentrar neles. Em todos os seus pormenores, em todos os seus detalhes, em todos os gestos que se fariam e em todos os momentos em que isso acontecia.

A sua irrealidade da-nos uma inquietude, um fervilhar no estomâgo. Uma dor de cabeça. Os olhos baixam e as mãos elevam-se, para apoiar a cabeça que teima em cair. Porque é que aquilo que mais queremos não se torna real?

Rapidamente penso que é algo que está contra mim. Sim. Só pode ser isso (quero convencer-me disso). É o universo que está contra mim. Ou então é o karma - fiz mal a alguém e agora estou a pagar por isso. Mas pode ainda ser o facto de ter partido o espelho há uns tempos - dizem que dá sete anos de azar!!! (Oh não!!!, penso, em desespero - vou ter de esperar sete anos para conseguir ter o que realmente quero).

Deixo de pensar em parvoíces. O meu lado racional chama por mim. Porque culpar factores externos que em nada contribuem para a ordem natural das coisas para explicar o facto de não conseguir tornar reais os meus sonhos... Porquê tentar explicar o meu falhanço com base em pensamentos e convenções instituídas pela sociedade e pela sabedoria popular? Porque custa a qualquer um perceber que não estamos talhados para realizar esse sonho. Porque custa perceber que a culpa de isso acontecer é nossa. Digamos que é esse o nosso grande falhanço - nem sequer tentámos torná-los reais.

Porque fomos cobardes o suficiente para não arriscarmos.
Olhamos para o lado. Eles conseguiram porque foram audazes. Porque não tiveram medo. Ou talvez porque é assim que tem de ser.

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