Passámos um pelo outro...

Agarra-me.
Corrompe-me.
Para depois sentir

Confusão.

Na vida ordinária
Na morte esperada
Na tua ausência forçada
Na minha presença enganada.

Tudo o que está aqui é-me estranho.
Não conheço estas paredes.
Não conheço as tuas palavras.
Não conheço os teus gestos.

Quero a verdade que me escondes!

Porque é que estás aqui?
Sai!
Recuso-me a acreditar no que me fazes querer.

Repulsa.

Preciso dessa repulsa.
Preciso desta recusa.
É a certeza de que te quero.
É o que me faz viver no meio dos hipócritas.

Dos javardos que nos comem os olhos,
Que nos perfuram a cabeça
E se regozijam ao desfazer o nosso cérebro.

Deixei de pensar.
Deixei de ver.
Apenas sinto.
Sinto-te.

Chega-te ao pé de mim.
Torna-te parte de mim.
Toca-me.
Desperta o resto da humanidade que me resta...
Toma-me nos teus braços.
Não me deixes cair.
.
.
.

Não!
Agora não me quero deixar levar.
Larga-me!

Porque te intrometes?
Porque te aproximas?
Não me conheces...

Sai!
Deixa-me estar na minha miserável normalidade.
Assim vou permanecer. Sempre.

Passámos um pelo outro.
Perturbas-me.

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