Encontros II

A tristeza vem de quem menos se espera.
A Alegria é-nos dada por quem já julgamos perdido.

Tudo o que é inesperado provoca estranheza, medo, confusão. 
Mas o que ainda determina mais o nosso estado de espírito perante o inusitado são as pessoas que provocam estas situações.

É engraçado como as coisas surpreendentes e despropositadas só nos magoam quando são feitas por quem nunca pensamos que o pudesse fazer. É por isso que ficamos marcados.
Por isso digo: preserva os teus inimigos. Ao menos sabes que eles vão lá estar sempre para te foder. Nunca vão pensar duas vezes antes de fazê-lo. Mas ao menos já sabes com o que podes contar. Eles nunca te vão desiludir. Não os deixes escapar.

Pior são aqueles "amigos". Aqueles que pensas que são grandes pessoas e que nunca te vão deixar mal. Aqueles que sempre estiveram lá para o que foi preciso.
Mas, no final, fazem-te sentir uma nulidade. Com aquilo que te dizem sem rodeios, sem olhar para o lado e para si próprios. Sem quererem saber de nada. Apenas daquilo que lhes vai dar mais proveito.
A esses escorraça-os. Manda-os fora. Expulsa-os. São esses aqueles que te desiludem.

A partir daqui pões tudo em causa.
Aquilo que conhecias, agora, não passa de uma imagem que permanece na tua memória, mas que não é real. Tal e qual como quando uma casa arde. Na nossa cabeça permanece a bonita imagem de todos os bons momentos que foram passados nesse sítio. Daquilo que vivemos. Mas, quando essa casa arde, ela deixa de existir. Só temos na memória recordações daquilo que ela foi. E é isso que acontece ao nosso mundo. Ele deixa de existir tal e qual como o conhecemos. Agora não passa de uma mera miragem.

A realidade passa a estar vazia. Não sabes o que fazer, não sabes o que dizer, não sabes como te comportar.
Não conhecemos o que está à nossa volta.
Aquilo que dávamos como adquirido, já não existe.

E eis que tu apareces.
Tu, a quem julgava perdido. Sentas-te ao meu lado. Queres ouvir-me falar? Não sei que te dizer.
Apenas se ouve o meu silêncio. O nosso silêncio. 
Compreendemos. Sentimo-nos compreendidos.
Mas não sei. Não sei o que dizer nem como agir.
O que conhecia deixou de existir.
Estivemos muito tempo sem nos vermos. Será que continuas o mesmo? Será que somos os mesmos do que há uns tempos atrás?
Sinto-me perdida. Mas de um modo que não consigo explicar sossegas-me.
Olho para ti. És o resquício do meu mundo que julgava ardido. 
Falo.
De onde vieste? Porque demoraste tanto tempo?
De certo não haveria melhor altura para apareceres senão esta... Disso tenho certeza.

Obrigada.

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