Como estás?

Porque é que a maioria das conversas que iniciamos com os outros começam com a pergunta: Como é que estás?
Fazemos isto em várias situações:
- quando não sabemos nada da pessoa
- quando não a vemos há algum tempo
- quando sabemos que está a passar por uma boa fase ou, na pior das situações,
- quando sabemos que está mal.

É, decerto, uma das maneiras mais simples de começar um diálogo com alguém, mas ao mesmo tempo parece-me tão inútil (e falo contra mim).
Todos nós já passamos por situações em que estamos mal e a simples pergunta "como estás" parece-nos um insulto! "Porque raio me perguntam isto?!"
Mas mesmo tendo sentido isto, insistimos em fazer esta pergunta aos outros.

É uma tentação pensar que a culpa é das outras pessoas. Que nós não devíamos ter a primeira palavra. Que assim que nos encontrassemos, começassem a falar... à vontade. Mas é errado.

Às vezes penso que o silêncio é tão mais fácil. Porque temos de estar sempre a falar? A relembrar o passado e a recalcar o que teimamos em esquecer. Apenas estar em silêncio. O silêncio devia ser uma forma de cumprimentar os outros. Deveria ser a melhor maneira de falar com os outros. Mas, em vez disso, é a pior. Se não falarmos ao vizinho é porque somos mal educados. Se não falarmos com um amigo é porque nos estamos a "borrifar" para ele. Errado. É apenas porque não sabemos o que dizer. Quando as palavras que proferimos nos saem da boca de uma maneira forçada, quando parece que as palavras nos foram arrancadas á queima roupa, é porque queremos dizer algo, mas não sabemos o que. É porque queremos mostrar aos outros que estamos presentes, mas sentimos que a nossa presença física não é suficiente. Sentimos que de nós têm de sair algumas palavras.

O que quero com isto dizer é que peço desculpa a todos aqueles a quem pergunto "como estás", quando sei que estão mal. O que quero com isto dizer é que lamento nem sempre ter as palavras certas para dizer. O que quero com isto dizer é que, na maior parte das vezes, o meu silêncio é a única resposta que tenho para dar. 


Nota: Dedico este pequeno texto a ti, Ana Mafalda, por quem tenho o maior apreço e a quem tenho perguntado nestes últimos dias "como estás", mesmo sabendo que não estás bem. O meu sincero pedido de desculpas. Que saibas que quando não tiver mais nenhuma palavra para te dizer e reconfortar, poderás sempre contar com o meu sincero e cheio de amizade Silêncio. 

Comentários

  1. Quando não souber o que dizer, faz um comentário sobre o tempo, Lena! rsrsr bjs.

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  2. Ora aí está uma boa sugestão, Manuella;)
    beijinhos**

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