Ahhhhhhhh!

Um Voz incessante percorre o meu caminho. Sempre ao meu ouvido. Como se fosse uma mosca. Apenas a ouvimos e não a conseguimos agarrar.
“Olha que é assim que se tem de fazer…”
“Se queres viver tens de te sujeitar a certas coisas”
“Tu não gostas, mas tens de fazer”
“Tens de te integrar e ser como eles”

Se as pessoas soubessem o quanto os meus nervos se exaltam cada vez que ouço estas frases... Se soubessem as imagens que me passam pela mente… Principalmente, quando são vindas de pessoas que julgam saber tudo da vida.
Que são mais inteligentes.
Que são autenticas enciclopédias.
Que mudaram quando começaram a trabalhar.

Não quero ser assim.

Quero ser diferente. É bom ser diferente. É bom mostrar que não partilhamos de certas atitudes. É bom dizer “eu não faço porque não quero”. É bom ter uma postura diferente. Sabe mesmo bem!

Tal e qual como quando se chega a um sítio e nós estamos completamente ao contrário da maioria das pessoas. Os outros ficam chocados a olhar. Ficam.. Ficam. E a mim só me dá vontade de rir. Há várias posturas que podemos adoptar nestas situações:

1- Penso que sou melhor do que eles. – Mas, assim, assumo uma postura de arrogância e, deste modo, deixo de ser diferente. Passo a ser como eles.

2- Ignoro-os e faço cara má, para tentar impor respeito – Sou ridícula. Não tenho de fechar a cara aos outros. Não sou superior.

3- Sorrio e não ligo – se de facto não prestar atenção, é porque eles não me incomodam. E sim. Agradeço a mim mesma por ser diferente.
Diferente dessa corja que se vende por um lugar numa empresa.
Diferente da maior parte da sociedade que apenas se quer comer uns aos outros para ficar com o melhor lugar.
Diferente desses arrogantes que mudam de personalidade só porque os outros os querem “lixar”.

Mas, a voz incessante, que me assombra ao ouvido cada vez que mostro a minha opinião, volta a lançar uma charutada:

“Mas se quiseres ter com que te sustentar, tens de te sujeitar”
“Se tiveres uma família, tens de pôr o pão na mesa”

A isto respondo:
Posso trabalhar num supermercado. Lá por ser licenciada não quer dizer que não possa trabalhar em qualquer sítio. Prefiro isso a subverter as minhas ideias às da maioria e subverter-me a mim mesma.

De hipócritas nesta sociedade já chega os que existem. Não precisam de mais uma. Porque também não quero ser um autómato no meio da multidão.

Mas, novamente, a voz que me persegue diz:
“Ainda és nova. Eu também dizia isso. Mas depois uma pessoa tem de mudar, se quiser ter alguma coisa”

Aqui só depende de mim. Só depende de mim continuar a ser eu mesma, por mais desesperada que possa estar.

É difícil?
É.
Mas ninguém disse que era fácil. Não gosto de soluções fáceis…. Nunca segui, nem nunca tive nenhuma!

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