Falta-me Vontade de Escrever

Falta-me vontade de escrever.
Sabes o que é isso?

Falta-me vontade de escolher as melhores palavras e juntá-as num raciocínio lógico e com clareza. 
Sabes o que é isso?

Falta-me vontade de escrever um texto longo, explicativo, filosófico e pensante.

Falta-me vontade de ser clara. Não consigo ordenar o que quer que seja. Para mim bastava-me escrever a dor latenta que me tem presa à cabeça, num pensamento confuso e dissonante.

Falta-me vontade de racionalizar aquilo que sinto.

Falta-me vontade. E falta-me força. Ela falta-me, como se tivesse desaparecido desde ontem à tarde. Foi como se tivesse partido sem me dizer adeus. Sem eu me poder despedir dela. Talvez se me tivesse tentado despedir da minha força, tivesse feito de tudo para não a deixar ir.

Mas ela foi. Foi por caminhos que desconheço. Não sei onde a ir procurar. Foi como se me tivesse abandonado e me tivesse deixado com esta imensa tristeza.

Estou cansada de ter apenas como companhia esta imensa tristeza. Estou exausta. A tristeza é uma companheira, por vezes, de muito difícil trato. Há alturas em que não é exigente, fazendo-me acreditar que vou conseguir conviver bem com ela. Depois, há outras ocasiões em que me assola o espírito e o corpo... em que se apodera de mim com uma tal preponderância que eu não consigo dominar.

E... Falta-me vontade para dominar esta tristeza que me abraça.

Falta-me o teu abraço.
Falta-me o teu aconchego.
Falta-me o teu cuidado.

Falta-me a vontade de fazer parar estas lágrimas. Estas lágrimas que caem em catadupa... Por mim, mas sobretudo por ti, por vocês. Por vocês, forças que partiram para parte incerta...

Falta-me vontade de seguir. De colocar a máscara. Deus! Como me falta a vontade de me mascarar.
Cada vez é mais difícil... Cada vez é mais complicado não mostrar aquela que trago como companheira, a minha tristeza.

Falta-me vontade para aceitar que as coisas são como são. Mas porque merda tenho eu de aceitar seja o que for? Porquê? Porque é que eu tenho de aceitar? Serei apenas uma mairioneta desta vida? Como se alguém me manobrasse, sem eu ter sequer uma palavra a dizer...

Falta-me tanta vontade de acreditar que assim não é. Que terei, pelo menos, a oportunidade de um dia agarrar o que mais quero para deixar a minha tristeza para trás.

Falta-me tanta vontade de deixar de ter medo... Nós habituamo-nos ao medo, como se também ele pudesse habitar em nós durante todo o nosso percurso... durante todo aquele tempo a que chamam vida.

Falta-me tanta vontade de dormir, sabias? Não é que não esteja cansada. Na realidade, estou exausta, já o disse!, tenho a minha cabeça a latejar, deitada na cama a olhar para o tecto branco, na esperança de que, por qualquer motivo, consiga fechar os olhos e deixar de pensar durante umas horas. Ou, pelo menos, pensar e não saber o que estou a pensar durante umas horas.

Acreditar... Acreditar... Iludir, Iludir. Será tudo o mesmo? Será que acreditar é iludirmo-nos? Estaremos, consecutivamente, a enganar-mo-nos quando acreditamos em algo?

Não sei.

Falta-me vontade de o saber.

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