Ensaio Sobre o Ser Humano

Quantas vezes não pensamos porque é que não somos iguais aos outros?
Porque é que não temos o mesmo que os outros?
Porque é que não conseguimos o mesmo que os outros?
Porque é que temos de lutar mais do que os outros?
Porque é que não somos capazes de atingir os nossos objectivos como os outros?
Porque é que não conseguimos fazer aquilo que gostamos ou sonhamos, tal como os outros conseguem?

A tristeza de nos sentirmos impotentes perante uma realidade que não estamos à espera pode ser sufocante. Pensarmos que nada do que nos aconteceu acontece aos outros pode contribuir para isso. É aquela revolta que cresce dentro de nós que nos faz querer explodir, mandar tudo pelos ares, virar as costas e ir por outro caminho, que nos consome. Mas, do outro lado, temos a nossa consciência que nos diz que não vale a pena. Que a vida é mesmo assim. Que nada vai mudar. Que até merecemos que as coisas nem sempre nos corram bem, até porque não somos a melhor pessoa do mundo.

Ficamos divididos perante aquilo que nos deixa triste, ficamos sem saber o que fazer. Se formos corajosos deitamos tudo para trás das costas, mandamos tudo para o inferno e fazemos aquilo que queremos. Somos inconsequentes e actuamos sem barreiras, amarras, responsabilidades, sem medos de ferir susceptibilidades, porque simplesmente nos estamos a cagar para elas. Chegamos e nada nos faz parar, porque actuamos como se não devêssemos nada a ninguém. Tal como se corrêssemos descalços e nus pelo meio da rua porque não obedecemos a ninguém. Só a nós próprios.

Ou então, engolimos tudo. Engolimos essa revolta que nunca se concretiza. E ela fica dentro de nós, a trabalhar por todo o sempre. Como se fosse uma voz que nos diz, constantemente, o quão cobarde somos por ficar onde ficamos, por continuarmos a fazer o que continuamos a fazer, por seguir normas e maneiras de estar porque sempre foi assim. Sempre foi assim e só nos cabe acenar com a cabeça. aceitar, engolir e comer, como autómatos que somos. E esperamos, secretamente, que a morte venha. Porque nada mais nos interessa, nos move, nos comove, nos faz sentir que estamos vivos. Se já não sentimos vida, para quê ter medo da morte?

Nunca se deve pensar que somos melhor do que alguém. Eventualmente, vamos descobrir que somos uma bela merda.
Nunca se deve ter inveja do outro, pois nunca seremos ou teremos o que ele tem.
Nunca se deve ter ciúmes do que quer que seja ou de alguém, pois nunca nada é nosso, nunca uma pessoa é propriedade de outra.
Nunca se deve pensar nos outros primeiro do que o nosso bem-estar pessoal, pois, eventualmente, tu vais tornar-te invisível para todo o mundo.
Nunca podemos perder a nossa personalidade, porque ela é a única que nos diferencia uns dos outros. Eventualmente, deixaremos de saber quem somos, como agimos. Somos verdadeiras máquinas, passando ao lado daquilo que é a descoberta dos sentimentos que nos tornam em verdadeiros seres humanos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Posso dizer-te que Gosto de Ti?

A Dúvida da Certeza

Fura Vidas - Preciso de um Joca na Minha Vida