A Simples Simplicidade
É tudo simples.
É simples a chegada... A chegada é talvez o mais simples de tudo. Sem cerimónias nem empecilhos, bastando abrir a porta para aí os encontrar. Calmamente, pouso as minhas coisas e o primeiro a trocar é o cumprimento entre ambos. E todos os nossos gestos são tão simples. O abraço, o beijo, o olhar que continua a dizer mais do que as palavras.
Bebemos nessa simplicidade dos primeiros momentos do encontro. Tomamos uma bebida quente, é o que sabe melhor a essas horas da noite. Prolongamos a conversa que é uma simples extensão desta nossa certeza de que estamos, novamente, reunidos. A harmonia é aquela que está presente. Não o exagerado êxtase que, por vezes, nos tolda o pensamento e o coração e não nos deixa apreciar cada um dos momentos com o tempo preciso para cravá-los na nossa memória. Por mim, tudo bem.
Afinal de contas, toda esta simplicidade permite que aquilo que somos esteja de novo no centro, sem correrias ou imposições. Amarras ou Obrigações.
Tudo continua a ser simples.
A própria rotina que se estabelece é simples, sem a necessidade de alterarmos aquilo que pensamos em função daqueles que estão à nossa volta. Porque a simplicidade é isso mesmo: o nosso contributo para o outro através daquilo que somos verdadeiramente sem pensarmos em segundas, terceiras ou quartas intenções.Aliás, não há qualquer propósito escondido ou arquitectado.
Todas as nossas preocupações ficam para trás ao contrário daquilo que muitas vezes fazemos no nosso quotidiano. Perpetuamos o nosso tempo a pensar, sistematicamente, naquilo que nos consome sem conseguirmos suspender essas inquietações. Porém, nestes encontros isso não acontece. Aqui conseguimos arrumar essas preocupações e frustrações num cantinho na nossa mente e, por vezes, até nos esquecemos delas.
Deixamos de ansiar por uma vida que não é a nossa. Por uma vida que nunca vamos conseguir ter porque esta simples simplicidade do amor preenche-nos por completo não deixando espaço para confabulações que nunca se vão concretizar, não passando meramente de situações impossíveis.
Nestes momentos voltamos a respirar de novo. Voltamos a apreciar a nossa possibilidade de respirar. Voltamos a entender o que é que temos de precioso na nossa vida. O que é certo e real, não o incerto e o irreal.
E depois...
Depois até a despedida é simples. Como se soubéssemos que mais dia ou menos dia nos vamos voltar a ver. No fundo sabemos que aquilo não é uma verdadeira despedida. É antes um verdadeiro Até Já. É também isso que torna tudo tão simples. Tão simples e belo que nos faz ficar numa harmonia completa, a beber desse sentimento, gratos por esta oportunidade de tudo esquecer aquilo que nos faz mal, regressando a nós a pureza de todos os sentimentos.
Tudo é Simples.
E tudo é tão bom.
Tão belo.
Tão puro.
Tão bom que nem nos deixa mais palavras para o descrever.
E para que são precisas mais palavras para o descrever se tudo assim, como foi, como está, é tão bom.
É tão bom, tão belo e tão puro.
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