O Amor Também se Aprende

Quando tentamos perceber porque é que existem pessoas que conseguem amar e outras não, esbarramos com este facto: também se aprende a amar. E é verdade. Não estou com isto a dizer que aqueles que nunca souberam o que é isso, que já não têm a oportunidade de experimentar esse sentimento do amor. Não. Existem muitos exemplos de pessoas que conseguem aprender a amar ao longo da vida, até porque isso nos é inato. Creio que essa capacidade de amar nasce conosco, mas, depois, ao longo do tempo, tem de ser trabalhada para que possa dar frutos. Frutos reais. Frutos verdadeiros. Porque o amor também é verdade. 

No entanto, se nos ensinarem a amar, desde novos, talvez estejamos mais preparados para a vida. Pelo menos estaremos mais preparados para não ficarmos sós. Afinal de contas, desde cedo que temos um exemplo daquilo que é amar... Amar incondicionalmente. Seja através de pequenos gestos, de pequenos momentos, de pequenas promessas. A verdade é que vamos beber a esses pequenos exemplos e começamos a criar a nossa própria noção de amar. Amar com princípios. E é esse exemplo, com o qual crescemos, que provoca em nós a vontade de o replicar normalmente, quando somos mais velhos.

Quem não consegue conviver com o amor sai mais pobre. Perdeu a oportunidade de viver com um amor, diariamente. Quando cresce é-lhe sempre mais difícil em demonstrar isso mesmo. Que quer amar... Que está disponível para amar. E, depois, podem acontecer duas coisas: ou se deixa estar de coração aberto e aceita os outros e desenvolve a vontade em estar com outras pessoas e a curiosidade de as conhecer, nascendo a amizade, aprendendo assim o que pode ser o amor; ou acaba por construir muros à sua volta e não deixa ninguém se aproximar... Como se ninguém o conhecesse verdadeiramente.... E assim permanece durante toda a sua vida: com um enorme muro à sua volta que o permite viver em sociedade, mas não o permite amar.

O acto de amar também se aprende, também se educa. E é bom. Por vezes penso, como seria o mundo se não existissem pessoas que sabem amar? E que depois transmitem esse saber aos outros para que eles também possam amar? Seria tão triste. Talvez já não existisse a raça humana.


Podem dizer que a construir muros é algo que também se combate. Que depende da vontade de cada um em os destruir ao não. É uma opinião e, em parte, acredito que haja uma razão para pensar assim. Mas, se por alguma razão, não se consegue ter essa forma de destruir os muros, então como se vive? Se não se consegue destruir os muros, é sinal de que não se é capaz de se dar ao outro para que eles nos ensinem a amar... Porque esse outro está sempre do lado de lá do muro... Como se estivesse sempre inatingível. Então ainda nos fechamos mais e não amamos. Nem nos damos a hipótese de aprender a amar. 

A única solução para continuar a viver talvez seja sonhar. Nunca perder a capacidade de sonhar. Fechar os olhos e aí imaginar tudo aquilo que mais se quer... Imaginar como poderá ser o acto de amar, mas, também, ser amado. E aí permanecer com os olhos fechados a imaginar que somos como aquelas famílias felizes, que todos conhecemos, enquanto os minutos passam e o sono não chega.

Se também perdemos a capacidade de sonhar e de imaginar, não sei o que mais se possa fazer para continuar esta "coisa" à qual deram o nome de vida.

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