Uma Humanidade Limitada

Dizendo claramente o que me anda a "bater" na cabeça nos últimos tempos: as pessoas têm medo de mim. Pelo menos têm medo de falar comigo. Disso eu tenho a certeza.
Mas será medo ou sensação de desconforto? Sinceramente não sei. Aquilo que sei e que sinto é tristeza. Para mim quando se constrói uma relação de amizade ou de amor existe confiança. Essa confiança é feita dos momentos em que somos fortes e onde somos fracos. Eu tenho a consciência de que a essência humana é mesmo assim: contraditória. Não somos apenas umas coisa. Somos várias.

O que magoa é o facto de as pessoas pensarem que não me podem dizer certas coisas. Contar situações pelas quais passam porque, de alguma forma, eu não as vou aceitar. No entanto, não sou eu que as tenho de aceitar. Metam na vossa cabeça que eu apenas posso opiniar, se assim o quiserem. Ou, simplesmente, apenas oiço, se assim mo pedirem. Custa-me tentar entender como é que as pessoas têm dificuldade em perceberem isso.

É certo que nos tempos de hoje todos procuramos uma aprovação por parte dos outros. Para tal fazemos aquilo que os outros querem, aderimos a modas, não chegamos a construir a nossa própria identidade, ou, simplesmente, perdê-mo-la. Porquê essa necessidade de aprovação? Porquê? É óbvio que o ser humano não é capaz de viver apenas na solidão ou na contradição. Isso não é viver em sociedade. Porém, viver em sociedade também não é fazer com que sejamos todos aprovados uns pelos outros, integrados, considerados ou até invejados. Viver em sociedade é, cada um com a sua identidade, que constrói desde criança, ser capaz de conviver com o mundo à sua volta. Não é porque agora as pessoas se vestem de cor-de-rosa que eu me vou vestir assim, apenas e só para não ser excluída. Não! Desculpem, mas permitam-me dizer que isso é uma estupidez!

Voltando novamente ao aspecto das relações humanas, é para mim horroroso perceber que as relações nas quais temos o à vontade necessário para falarmos do que fizemos bem, mas também do que fizemos mal, são raras. Creio até que estão escassear. 

O final de tudo isto é sermos hipócritas e amigos que falam de tudo menos dos seus erros? Quem pensa que o outro é incapaz de ouvir os seus erros, porque não o tenta provar? Se essa suspeita se confirmar então é porque do outro lado não temos um amigo. E afinal o que é da nossa vida sem verdadeiros amigos? Não é nada. É um vazio. E isso torna-nos vazios, autómatos, todos iguais, todos com as mesmas capacidades. Ou seja, limitados. É isso que queremos ser? 

Eu não. Eu quero ser livre de dizer o que quiser, de contar as asneiras que faço, mas também as boas decisões que tomo. Eu quero ter a liberdade de rir, mas também de chorar quando o fardo é demasiado grande. Quero olhar nos olhos das pessoas e pedir perdão pelos meus erros. Quero estar de braços abertos para quem me pede ajuda. E quero apenas escutar quando assim mo pedem. 
Definitivamente, eu não quero ser limitada! 

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