O Prazer de um Possível Amor

Olho para ti ao de leve. Tenho vergonha de que me vejas a admirar-te, por isso não quero que vejas.. Recordo-me daqueles momentos em que estivemos juntos, sabes? Das conversas que tivemos, das confissões que fizemos um ao outro. Lembro-me tão bem dos teus lábios na minha face. Do toque da tua mão quente na minha pele.

Tudo era simples, se ao menos eu não quisesse ser tão difícil. Bastava ter estendido a mão e eu sei que me a segurarias. Agora seria eu no lugar dela. Se apenas eu tivesse dado uma hipótese àquilo que tinhas sonhado. Eu tive medo. Nunca pensei que as tuas palavras fossem realmente sinceras... Talvez tivessem sido.

Imagino como percorrerias o meu pescoço com as tuas mãos... A tua barba áspera que roçaria nos meus ombros. Sinto-a agora. 

Neste preciso momento, tu estás aqui comigo. 
Deixamos de ser duas pessoas. 
Somos apenas uma. 
Tu estas dentro de mim. 

Chegamos ao máximo daquilo que pode ser a expressão do amor. 
Estamos unidos. 
A nossa pele é apenas uma. 
E é nela que ficamos. 
É nela que sussurramos. 
É nela que sentimos. 
É nela que respiramos.
É nela que gritamos. 
É nela que os nossos corações se agitam!
Num longo abraço... É assim ficamos, até nos acalmarmos. 

Ao mesmo tempo que o ritmo cardíaco desacelera voltamos a ser dois seres distintos. Mesmo assim não evito encostar a minha cabeça no teu peito nu. Enrolas-me com o teu braço. 
"Amo-te", dizes-me.
Sem medos respondo: "Eu também".

Aquele prazer tornou-nos num só. Mas o prazer em ouvir estas palavras também. 
Somos assim. Parte um do outro.

Pelo menos é assim que nos continuo a imaginar. Se ao menos tivesse cedido e arriscado. O tempo não volta atrás. O tempo só é amigo de quem não se arrepende.

Agora, olhando para ti e para ela, vejo como se completam. São felizes. E no fim é o que mais importa. 

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