Uma Janela num Beco Sem Saída
Está um frio medonho e muitas vezes parece que todas as extremidades do meu corpo deixaram de ter vida, que o sangue as deixou de alcançar e, que, por isso, simplesmente as deixo de sentir. No entanto, em parte, é precisamente esse frio que me faz sentir que estou viva, que existo. Se ele me incomoda assim tanto, então é sinal que ainda me deixo incomodar por algo e isso é a prova de que não sou uma máquina e que continuo a sentir algo como todas as outras pessoas.
No mundo que me rodeia facilmente caio na triste e mundana condição humana em que mais pareço um autómato baseado em regras, ideias impostas e preconceitos. Como se eles me comandassem e eu nem desse conta, apenas seguisse o enorme rebanho que são os outros que se regem por objectivos e propósitos sem fundamento nenhum.

É nessa janela onde encontro essa outra parte que faz sentir viva para além do frio. A janela do amor e da amizade. Ou se quisermos, simplesmente, amor, porque a verdadeira amizade também é isso. Nos momentos em que o amor está presente (entre risos, conversas, gargalhadas, confidências e verdadeira partilha, gestos de carinho, um abraço, um beijo) são os momentos onde eu consigo subir a essa janela e ver o horizonte. Esses são os momentos em que adormeço com uma paz que me faz descansar e esquecer das paredes que me cercam.
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