O Amor numa Mão

Na maior parte dos seus dias, ela encontrava-se com dezenas de pessoas, falava com uma dúzia delas, sempre diferentes. Mas isso não era factor para que se sentisse menos só. Muito pelo contrário. Isso era algo que lhe causava ainda mais confusão e discussão interior. Como era possível estar entre tanta gente e não conseguir alcançar ninguém? A verdade é que muitas vezes sentia que também ninguém conseguia chegar até ela. A sua forma de pensar, as suas ideias, as suas histórias pouco significavam para outras pessoas. Estava mergulhada numa solidão profunda, sem nunca mostrar verdadeiramente aquilo que é, aquilo que quer fazer e sobretudo aquilo que sonha. Ela estava como que a afogar-se num imenso e bonito mar azul.

No entanto, ela continuava atenta aos pormenores. E era talvez isso que a fazia sobreviver. Um simples olhar, um abraço verdadeiro, uma mão sobre o seu ombro. Esses eram alguns dos grandes pormenores que a faziam continuar. Eles eram parte de uma mão que a fazia vir ao de cima daquele mar, permitindo-a respirar e aproximar-se de terra firme. Essa mão materializa-se quando menos se espera. 

Desta vez, ela estava há demasiado tempo debaixo de água e sem respirar. Ela ia deixar-se ficar, sem fazer qualquer esforço para sobreviver. Mas, de repente, uma mão aparece. Era uma mão de alguém que ela conhecia. Alguém que estava sempre presente e com quem ela podia contar. Nunca a tinha deixado esquecida, atirada para um canto sujo e pestilento, do qual ninguém se aproximava. Ele tinha estado
sempre lá. Assim que a mão a agarrou ela teve vontade de chorar. A sentir-se sozinha como um cão e ele estava lá. Naquele simples gesto de lhe dar a mão, de lhe falar, de a fazer rir. Ele estava lá. A mão estava lá e, mais uma vez, a tinha puxado para cima. 

A ele apenas tinha vontade de lhe agradecer, estava profundamente grata por aquilo que ele fazia por ela. Mas, deixou-se estar. Para eles nem tudo era necessário ser dito. Por vezes, entre eles, o silêncio tinha um significado maior que as palavras e no que toca a agradecer esse é um exemplo de que sem nada dizer se diz muito.

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Em véspera de passagem de ano ocorre-me que este texto talvez seja uma boa oportunidade para deixar algumas palavras sobre 2013. 

É óbvio que recordo e agradeço todas as coisas boas que me aconteceram neste último ano. Na memória ficam também os momentos piores, as dificuldades e as tristezas. Esses também fazem parte da vida e são eles que nos fazem crescer.

No entanto, para mim o que importa é deixar aqui uma palavra a todos aqueles que sempre estiveram comigo e nunca me viraram as costas. A todos aqueles que muitas vezes estando longe, nunca deixaram de estar bem perto e de serem aqueles a quem recorro nas alturas mais difíceis. Àqueles que nunca recusaram beber um copo e conversar sobre tudo e sobre nada. Os que sempre fizeram questão de celebrar as minhas vitórias, mas também de me amparar nas minhas derrotas. Àqueles que me fizeram acreditar e me deram força para nunca desistir. Quando tudo foi negro houve pessoas que nunca me deixaram sozinha e mesmo quando estava enterrada na minha solidão fizeram de tudo para estar comigo. 

Podia falar em prémios, em ser reconhecida pelo meu trabalho, do dinheiro que se faz e que se gasta. No entanto, mais do que tudo isso, são todas estas pessoas que levo no coração e que fizeram com que 2013 tivesse o seu verdadeiro significado. Para mim, o importante são aqueles
que permanecem aconteça o que acontecer. Não vale a pena mencionar nomes, eles sabem bem quem são. A todos vós, obrigada e um óptimo ano 2014. Que permaneçamos juntos, esse é o meu maior desejo.

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